Zootecnista Luiz Carlos Guilherme recebe Prêmio Octávio Domingues do CFMV
25/08/2016 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am
Por Carolina Menkes
Aconteceu na noite desta quarta-feira (24) a entrega do Prêmio Professor Octávio Domingues Edição 2015 ao homenageado do ano, o zootecnista Luiz Carlos Guilherme. A homenagem é entregue anualmente, desde 1977, pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) a zootecnistas brasileiros que tenham realizado serviços relevantes para o desenvolvimento agropecuário no país.
O prêmio foi entregue durante o XIV Encontro Brasileiro de Patologistas de Organismos Aquáticos (Enbrapoa), em Florianópolis (SC), e foi realizada pelo conselheiro do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Moacir Tonet.
O zootecnista Luiz Carlos Guilherme recebe o prêmio entregue por Moacir Tonet, conselheiro do CFMV. Foto: Ascom/CFMV
Também estiveram presentes na homenagem o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do estado de Santa Catarina (CRMV-SC), Pedro Jeremias Borba; o tesoureiro do CRMV-SC, Marcos Vinícius Neves; e a presidente da XIV Enbrapoa, Luciane Perazzolo.
Representando o presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda, o conselheiro Moacir Tonet exaltou no discurso de entrega do prêmio a trajetória do agraciado e os mais de 30 anos de dedicação a pesquisas na Zootecnia, especialmente na área de aquicultura.
“É um dever e um objetivo da instituição fazer com que esses profissionais sejam lembrados e com isso reconhecidos perante a sociedade”, afirmou, Tonet.
O presidente do CRMV-SC, Jeremias Borba, também reforçou a importância do reconhecimento. “O agronegócio tem relevância muito grande atualmente no PIB brasileiro e quem participa e ajuda a desenvolver o agronegócio são zootecnistas e médicos veterinários”, diz.
Presidente do CRMV-SC, Jeremias Borba, zootecnista Luiz Carlos Guilherme e Moacir Tonet, conselheiro do CFMV. Foto: Ascom/CFMV
Zootecnista e pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Luiz Guilherme se destacou pelo seu trabalho de abrangência social com o chamado Sisteminha Embrapa, sistema integrado alternativo para produção de alimentos que atende famílias carentes do Nordeste.
Confira a entrevista com o zootecnista Luiz Carlos Guilherme
Ascom/CFMV: Como surgiu seu interesse pela Zootecnia?
Luiz Carlos Guilherme: A Zootecnia está presa comigo desde a minha origem. Apesar de ter nascido em área urbana, em Belo Horizonte, meus pais têm origem do interior. A convivência com parentes ligados a fazenda sempre despertou meu interesse pelos animais e pela natureza em si. Mais tarde, na época de prestar vestibular, fiquei na dúvida entre os cursos, mas me identifiquei mais com a Zootecnia e me senti mais à vontade para exercer esse trabalho.
Ascom/CFMV: Fale um pouco sobre o trabalho que o senhor tem desenvolvido na Embrapa.
Luiz Carlos Guilherme: O principal trabalho que desenvolvo no momento recebeu o nome de Sisteminha Embrapa. Entrei na instituição para trabalhar com o melhoramento genético de organismos aquáticos, mas durante a caminhada, a evolução no trabalho mostrou a importância da aplicação do conhecimento para uma realidade maior do país, que é o combate à fome e à pobreza. Então, atualmente, o conhecimento em piscicultura vem para desenvolver esse segundo projeto que tem um alcance social maior.
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Ascom/CFMV: Como o projeto funciona?
Luiz Carlos Guilherme: Trata-se de uma forma integrada de produzir a partir da piscicultura em pequena escala, através do sistema de recirculação, em que se pode produzir por exemplo galinha de postura, frango de corte, porquinho da índia, compostagem, milho, etc. Tudo dependente dos nutrientes gerados no processo de criação do peixe. E o principal é que isso pode ser feito em quintais a partir de 100 m² até 1000 m², com baixo custo. Conseguimos reduzir a mais de 98% o custo de construção dos tanques em sistemas de recirculação, o que torna o processo viável para famílias carentes que, com pouco mais de 500 reais, já começam a despertar para essas atividades.
Ascom/CFMV: Em que locais do Brasil ele é aplicado?
Luiz Carlos Guilherme: O projeto está em funcionamento principalmente nos estados do Maranhão e do Piauí. No Maranhão se transformou em política pública, com aproximadamente 2 mil sistemas instalados e aplicado também a indígenas, em assentamentos rurais e urbanos. No estado do Piauí também tem grande impacto nos quilombolas.
Nesses dois estados é maior a tendência de agravos para conseguir alimentos de qualidade e em quantidade.
Há ainda projetos relacionados que estão sendo aplicados na África – em Gana e Uganda. E esse ano foi aprovado mais um projeto que vai agregar Tanzânia, Etiópia e Camarões.
Ascom/CFMV: Como enxerga as novas perspectivas para a Zootecnia?
Luiz Carlos Guilherme: O mais importante é que o conhecimento básico seja sempre aplicado e orientado para conseguir solucionar problemas e ter a visão de entorno. Não se pode ficar preso tão somente à produção industrializada, mas sim verificar como pode ter sua importância social aplicada.
É importante trazer o conhecimento a nível popular de forma que famílias carentes espalhadas pelo Brasil tenham acesso à informação, aos insumos e a maneiras de utilizá-los. E que a produção possa realmente suprir suas necessidades.
Ascom/CFMV: O senhor trabalha há muitos anos na área. Como reconhece os frutos de sua dedicação?
Luiz Carlos Guilherme: O que é melhor nesse reconhecimento é poder trazer o conhecimento da Zootecnia associado ao desenvolvimento do país, permitindo que famílias carentes possam usufruir desse tipo de resultado, que é a produção de alimento em pequena escala, e que deu origem à minha indicação para essa premiação.
Ascom/CFMV: Em sua visão, qual é a importância de receber esse prêmio do CFMV?
Luiz Carlos Guilherme: Penso que hoje talvez seja uma das maiores formas de reconhecimento do trabalho do zootecnista, que destaca a importância dessa profissão no país, uma vez que o zootecnista tem participado de todo o processo de avanço nos últimos anos em relação à nutrição e produção de animais. Ter o reconhecimento desse trabalho é muito gratificante não só para nós, profissionais, mas para as instituições que representamos.
Assessoria de Comunicação do CFMV