vacinação
23/08/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:43am
Demorou quase uma década, mas, enfim, o Departamento de saúde animal da Secretaria de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil decidiu unir forças com o Serviço Pecuário Oficial do Paraguai (Senacsa) para garantir a sanidade animal na fronteira entre os dois países. Com isso, em dois meses os técnicos dos ministérios da Agricultura do Brasil e do Paraguai vão se encontrar na fronteira dos dois países para analisar as regiões de Porto Murtinho e Mundo Novo, do lado brasileiro, e Carmelo Peralta e Salto Del Guairá, do lado paraguaio, que sofreram mais recentemente com os focos de febre Aftosa. Será a primeira de uma série de atividades previstas no acordo de cooperação assinado em março deste ano entre Brasil e Paraguai, que prevê ainda supervisões conjuntas da vacinação contra a febre Aftosa nas propriedades defini-das pelas unidades veterinárias dos dois países. Outro ponto importante é a unificação do calendário de vacinação antiafitosa no Brasil e no Paraguai, de forma que ambos os rebanhos possam ser imunizados simultaneamente contra o vírus. A medida é estratégica porque o Serviço Pecuário Oficial do Paraguai (Senacsa) acaba de promover a inclusão de 22 milhões de bovinos das regiões Nordeste e Norte do vizinho país para a vacinação contra a febre Aftosa, ou seja, atento aos re-centes focos da doença o governo paraguaio começa a ampliar a área de abrangência da vacinação, atendendo determinação da 39ª Reunião Ordinária da Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), que aconteceu em Assunção, no Paraguai. Muito mais que a cooperação, medidas enérgicas devem ser adotadas com amplitude pelas autoridades sanitárias para evitar que o Mato Grosso do Sul, dono do segundo maior Rebanho bovino do Brasil, com 24 milhões de cabeças, continue afastado da febre Aftosa, uma doença que num futuro não muito distante causou um prejuízo de centenas de milhões de dólares aos cofres estaduais. Isso só será possível quando houver uma barreira capaz de bloquear definitivamente a entrada de gado paraguaio no Brasil. O Mato Grosso do Sul, que já foi proibido de exportar carne em consequência desta grave doença, não pode mais pagar pe-los erros dos outros, ou pela falta de políticas de sanidade animal nas nações vizinhas. Por outro lado, atos de cooperação como o firmado pelo Departamento de saúde animal da Secretaria de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil com o Serviço Pecuário Oficial do Paraguai (Senacsa) demostram que o Brasil tem que estar sempre preparado para este tipo de problema, não bastando combate-lo apenas quando ele surge. É claro que é importante cuidar da sanidade animal no Mato Grosso do Sul, mas não basta se limitar as providências internas se a febre Aftosa é capaz de furar a barreira entre os dois países e atingir o Rebanho brasileiro. Por isso, todo ato de cooperação deve ser recebido com otimismo pelos pecuaristas dos dois países, uma vez que o surgimento de novos focos da doença acaba fechando as portas da Europa e da Ásia tanto para a carne bovina paraguaia quanto para a brasileira. A necessidade de cooperação técnica não apenas entre Brasil e Paraguai, mas, sobretudo, entre os países da América do Sul, foi defendida durante a 79ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da Organização de saúde animal, que aconte-ceu em Paris e que discutiu a questão da sanidade animal também na Bolívia, na Argentina, no Uruguai, na Colômbia, no Peru e no Equador. Por isso, não basta unir forças apenas em determinado período do ano ou quando surgem novos focos da doença, de forma que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tem a obrigação de aumentar o número de fiscais federais agropecuários na fronteira e melhorar a instalação de barreiras volantes na região, bem como o mapeamento de propriedades de maior risco dentro do território brasileiro. Ademais, é preciso uma presença física mais eficaz do governo federal, se possível com o emprego das Forças Armadas, para exigir que medidas importantes como a vacinação do Rebanho bovino dos dois países sejam levadas a efeito, além, é claro, de vistoriar a entrada de gado paraguaio em solo brasileiro.