tourinhos

27/01/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:24am

Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP em Piracicaba, uma pesquisa avaliou o impacto dos atributos de qualidade em tourinhos de elite da raça nelore comercializados em leilão. O estudo procurou estabelecer quais os principais atributos de qualidade relevantes para a formação do preço da venda de tourinhos, determinar os prêmios ou descontos gerados por cada atributo de qualidade no preço de venda e apontar os mais relevantes na composição do preço.

Produtor pode agregar valor se focar seleção em precocidade e fertilidadeO trabalho do pesquisador Yuri Clements Daglia Calil utilizou como amostra três leilões (368 observações) de uma fazenda padrão. A pesquisa apontou que os atributos dos animais que mais contribuíram para a formação dos preços, em um primeiro plano, foram a qualidade genética como um todo, expressa pelo Mérito Genético Total (MGT) e a qualidade fenotípica global, demonstrada pelo índice EPMURAS, que congrega os fatores estrutura corporal, precocidade, musculosidade, umbigo, raça, aprumos e sexualidade.

Em um segundo plano, mais específico, agregaram valor aos jovens reprodutores características relacionadas à precocidade e fertilidade, ou seja, perímetro escrotal, peso ao desmame e peso ao completar um ano, bem como musculosidade, precocidade, raça e aprumos. Os animais com MGT excelente tiveram um prêmio médio de 22% a mais em relação aos considerados como bons. Paralelamente, os touros com EPMURAS excelente, obtiveram valor 11% superior aos classificados como muito bons.

“A pesquisa procura valorizar a análise econômica para o elo mais importante e tecnologicamente sofisticado da cadeia de corte brasileira”, ressalta o pesquisador. “O estudo apresenta uma ferramenta que todos os pecuaristas podem utilizar para estabelecer seus critérios de seleção, bem como montar estratégias em seus leilões. Em suma, se os produtores focarem a seleção em precocidade e fertilidade, agregarão valor aos animais”.

Melhoramento
Calil observa que muito embora o Brasil fosse um expoente mundial em melhoramento genético bovino e os animais de elite desempenhem um papel de suma importância na cadeia de corte, raros estudos haviam sido desenvolvidos sobre o tema até então. “Os produtores de touros, sob orientação dos programas de melhoramento genético e consultorias especializadas, contemplam tanto características quantitativas quanto qualitativas nos seus objetivos de seleção”, afirma. “No entanto, carecem quantificar economicamente cada característica selecionada, o que representaria um grande passo para a objetividade do processo seletivo”.

Segundo o pesquisador, nas fazendas de cria, os reprodutores melhoram os índices de fertilidade, intervalo entre partos, a habilidade materna e o crescimento pré-desmama. Nas propriedades de recria têm impacto, principalmente, o crescimento pós-desmama. Nas fazendas de engorda influenciam o ganho de peso, a eficiência alimentar e a precocidade de terminação, entre outras características. No elo dos frigoríficos, os esforços do melhoramento genético impactam tanto no rendimento de carcaça quanto na cobertura de gordura. A maciez e a relação entre músculo e gordura também influenciam para o consumidor final.

“Assim, cabe estudar quais características têm maior impacto no valor econômico dos reprodutores comercializados, bem como os prêmios e descontos gerados por elas que incrementam, ou não, a renda dos pecuaristas”, explica Calil. “Por isso a pesquisa buscou indicar quais atributos os produtores devem priorizar nos seus objetivos de seleção para aumentarem sua renda, a qual atualmente é proveniente, em grande parte, da comercialização de animais e embriões em leilões”.

A pesquisa, orientada pelo professor João Gomes Martinês Filho, do Departamento de Economia, Sociologia e Administração (LES) da Esalq, faz parte da dissertação de Mestrado de Yuri Calil, defendida no Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada da Esalq. O pesquisador é bacharel em Agronegócio pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais.