Tecnologia no campo
21/02/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:57am
O agronegócio brasileiro vive um dos melhores momentos de sua história. Em 2013, o setor foi responsável por 22,8% do PIB do país. Neste ano, o país deve colher quase 200 milhões de toneladas de grãos. Apenas em soja, serão 90 milhões de toneladas, levando o país a ultrapassar os Estados Unidos como maior produtor mundial da oleaginosa. As exportações de carnes também não param de crescer. Depois de superar pela primeira vez a barreira dos US$ 15 bilhões em vendas externas de bovinos, Suínos e Aves, a expectativa para 2014 é de novo crescimento. O cenário é extremamente favorável e a boa notícia é que ainda existe muito espaço para crescimento – sobretudo entre os pequenos produtores, a chamada agricultura familiar.
De acordo com o mais recente censo agropecuário, 70% da produção nacional de alimentos têm como origem a agricultura familiar. Buscando desenvolver este importante segmento, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) celebra em 2014 o Ano Internacional da Agricultura Familiar. O objetivo é incluir os pequenos e médios produtores na discussão em torno do aumento da Produção de alimentos no país e no mundo. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura, atualmente apenas 11% dos agricultores familiares têm acesso regular a insumos tecnológicos. É muito pouco.
O exemplo a ser seguido vem das cooperativas brasileiras. Formadas basicamente por pequenos e médios agricultores – de acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras, entidade que possui mais de um milhão de associados, 49% das propriedades possuem de dez a 50 hectares -, elas dão aula no quesito produtividade. O uso da tecnologia faz toda a diferença, mantém o negócio rentável e as famílias no campo, produzindo mais e melhor. Portanto, será preciso aproveitar o apoio da FAO para estimular o uso da tecnologia na agricultura familiar brasileira. Este será um fator decisivo para o próximo salto de produtividade.
Nos últimos 40 anos, o país deixou a incômoda posição de importador para se consolidar como um dos principais fornecedores globais de alimentos. Essa revolução verde foi conquistada em grande parte graças às novas tecnologias introduzidas em nossas lavouras desde os anos 1970. Um trabalho fantástico desenvolvido por abnegados pesquisadores e instituições públicas e privadas, com destaque para a Embrapa. Agora, o Brasil tem um desafio ainda maior: alimentar um mundo com 9 bilhões de habitantes.
De acordo com a FAO, o Brasil precisará aumentar sua produção em 40% até 2050. Os recordes de produção alcançados nas últimas safras mostram que estamos no caminho certo. Os grandes produtores, que investem há muito tempo em tecnologia e gestão, já possuem bons índices de eficiência e produtividade. Um aumento substancial na produção nacional, portanto, passa pelas mãos dos pequenos e médios empreendedores rurais. Mas este salto só será possível quando as tecnologias chegarem, de fato, à base da pirâmide produtiva nacional.