Sustentável

26/06/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

O interesse das indústrias de cosméticos e alimentos por produtos naturais tem crescido devido ao aumento do mercado consumidor e também para atender a requisitos das legislações desses setores, cada vez mais restritivas em relação ao uso de produtos sintéticos. Neste sentido, o Cerrado é um dos biomas mais atraentes: sua flora é mais rica em número de espécies que a da região amazônica e também mais ameaçada.
Cerca de 30 pessoas estão envolvidas no levantamento, entre pesquisadores, técnicos e alunos de três unidades da Embrapa e também da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Universidade de Brasília e da Universidade Federal de Juiz de Fora. O investimento total é de R$432 mil.

Outro objetivo do estudo é ajudar na conservação desse bioma. Dados oficiais apontam que 45% de sua vegetação já foram destruídos. Os maiores responsáveis são a expansão da fronteira agrícola e o crescimento desordenado das cidades. A ação do homem tem levado diversas espécies ao risco de extinção.

O maior conhecimento sobre as espécies, associado a ações de conscientização sobre o uso racional de recursos naturais, pode resultar em práticas sustentáveis de cultivo. Segundo Humberto Bizzo, da Embrapa Agroindústria de Alimentos e coordenador do projeto, cientes da possibilidade de gerar renda com a extração de óleos essenciais das flores, os moradores das regiões apropriadas para o cultivo podem optar por produzi-las, em vez de desmatar a vegetação e abrir espaço para plantações como as de milho e soja.

— Queremos estudar essas espécies e transformar o conhecimento em geração de renda para as pessoas que moram nas áreas de Cerrrado. Com isso, preservar poderá ser mais rentável do que destruir — explica o pesquisador. — São áreas de pequena produção. O objetivo é agregar valor à biodiversidade do Cerrado.

O bioma do Cerrado é considerado ainda pouco conhecido, se considerados os números de espécies estudadas. Apesar de a pesquisa da Embrapa com as flores aromáticas pretender conhecer as aplicações para a indústria de cosméticos, ela pode revelar outras propriedades dessas plantas, como medicinais e alimentares.

— O foco é a indústria de fragrâncias, mas o estudo pode se desdobrar em produtos resultantes de outros tipos de atividade biológica dessas espécies — diz Roberto Vieira, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.