Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro afirma que boatos sobre “mal da vaca louca” são infundados

10/03/2017 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:46am

Entidades da saúde e da pecuária brasileiras negam o boato de um que o país tenha sido atingido por um surto de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), variante transmissível para humanos da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), doença conhecida como “mal da vaca louca”. Informações compartilhadas nas redes sociais e em veículos da mídia nos últimos meses espalharam o boato de que supostos casos da doença em humanos teriam sido registrados em Niterói devido ao consumo de carne bovina infectada.

As informações compartilhadas da rede, que chegaram inclusive a ser divulgadas por alguns portais de notícias, dão conta de que pessoas teriam contraído a doença em Niterói (RJ) a partir do final do ano passado. Segundo a prefeitura de Niterói, não há até o momento evidências da relação desses casos suspeitos com o consumo de carne bovina.

A Secretaria de Estado de Saúde do governo do Rio de Janeiro publicou na quarta-feira (8) uma nota técnica em que esclarece que casos de DCJ adquiridos por meio do consumo de carne nunca foram registrados no Brasil. A DCJ está na lista de doenças notificação compulsória imediata no país desde 2005.

De acordo com o documento, a doença pode ser hereditária ou surgir como consequência de procedimentos cirúrgicos, mas, na maioria dos casos (85%), ela ocorre sem nenhuma relação de transmissibilidade definida (forma esporádica), geralmente em pacientes com idade entre 60 e 80 anos.

Existe ainda uma variante da DCJ (vDCJ) que está associada ao consumo de carne e subprodutos de bovinos e contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (EEB), conhecida popularmente como “mal da vaca louca”.

A inexistência de animais com diagnóstico de EEB no Brasil, ressalta a nota técnica, confirma a inexistência de casos ou óbitos de DCJ transmitidos pelo consumo de carne bovina na população brasileira. Por isso, o Brasil é classificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como país de risco insignificante para EEB, a melhor classificação existente.

“Ressaltamos que para além da não notificação de casos da variante vDCJ e da encefalopatia espongiforme bovina no país, os casos notificados apresentam idades avançadas compatíveis com a forma clássica da DCJ”, ressaltou a Secretaria em sua nota técnica, concluindo que, se confirmados os diagnósticos de DCJ, eles teriam sido contraídos de outras fontes, que não o consumo de carne bovina.

 

Consumo seguro

De acordo com uma nota divulgada pelo Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), entidade que representa a cadeia produtiva da carne bovina e que promove discussões sobre a sanidade animal e a segurança alimentar, as alegadas suspeitas são infundadas, e as criações de gado do país continuam protegidas e seguras para humanos.

“Essa doença na sua forma patogênica nunca chegou ao Brasil, ou a outros países da América Latina”, afirmou o presidente em exercício do CNPC, Sebastião Costa Guedes. Para Guedes, a doença verificada em Niterói e no Nordeste deve ter outras origens, de acordo com dados disponibilizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Nos primeiros contatos que mantivemos com os técnicos do ministério, a princípio não houve indícios de que sejam originadas pelo agente da BSE/EEB, enfermidade de características crônicas que levam meses e até mesmo anos para se manifestar em humanos”, declarou Guedes, por meio de nota.

Em todas as etapas da produção de carne bovina está presente o médico veterinário, que garante a sanidade e a produtividade dos rebanhos brasileiros. Este profissional tem papel fundamental na inocuidade e qualidade dos produtos de origem animal consumidos pela população, atuando de forma integrada na tríade composta pelas saúdes humana, animal e ambiental, chamada de Saúde Única.

 

Sobre a doença

A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma Encefalopatia Espongiforme Transmissível que acomete os humanos. Ela é causada por uma partícula proteinácea infectante denominada “prion’’. São registrados de 1 a 2 casos novos a cada 1 milhão de habitantes. A doença tem caráter neurodegenerativo, não tem cura e é fatal em todos os casos. Entre 2004 e fevereiro de 2017, foram notificados ao Ministério da Saúde 927 casos suspeitos de DCJ no Brasil, nenhum deles causados pela variante da vDCJ, transmitida pelo consumo de carne bovina.

 

Saiba mais

Leia aqui a nota técnica da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro

 

Assessoria de Comunicação do CFMV, com informações do Ministério da Saúde e do CNPC