Science

25/03/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:20am

O Tiarajudens eccentricus foi um dos primeiros animais a ter uma boca na qual os dentes de cima se encaixam com os debaixo, possibilitando mastigar vegetais duros. A espécie, que acaba de ser descrita, viveu há cerca de 260 milhões de anos no atual Rio Grande do Sul.

O extinto animal, do tamanho de um cão atual de grande porte, também tinha dentes-de-sabre, com cerca de 12 centímetros de comprimeiro nos adultos.

A descrição do Tiarajudens eccentricus foi feita por Juan Carlos Cisneros, do Centro de Ciências da Natureza da Universidade Federal do Piauí, e colegas do Brasil e da África do Sul na edição desta sexta-feira (25/3) da revista Science. Cisneros, nascido em El Salvador, descobriu o fóssil quando fazia pós-doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A inusitada boca da espécie agora descrita amplia o conhecimento a respeito da diversidade de um grupo de animais herbívoros conhecidos como anomodontos, parte do grupo dos terapsídeos, répteis mamaliformes que são ancestrais dos mamíferos.

A descoberta do Tiarajudens também oferece a mais antiga evidência de oclusão dentária – em que os dentes de cima e de baixo se encaixam para um mastigar eficiente – em terapsídeos.

A oclusão dentária pode ter ajudado a espécie e outros anomodontos a consumir plantas com muita quantidade de fibras, ajudando na expansão para novos nichos ecológicos.

Mas por que um herbívoro precisaria de dentes-de-sabre? Segundo Cisneros e colegas, o Tiarajudens pode ter usado as presas para lidar com competidores e assustar predadores.

O artigo Dental Occlusion in a 260-Million-Year-Old Therapsid with Saber Canines from the Permian of Brazil (doi:10.1126/science.1200305) de Cisneros e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.