Saiba mais sobre os vencedores dos prêmios Paulo Dacorso Filho, Octávio Domingues e da Comenda Muniz de Aragão
18/12/2023 – Atualizado em 20/12/2023 – 2:59pm
Para colocar em dia a entrega de premiações que a pandemia não deixou ocorrer, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reuniu sete médicos-veterinários e zootecnistas numa só cerimônia, realizada na última sexta-feira (15), no Plenário do Senado Federal.
Saiba mais sobre quem foram os vencedores dos prêmios Professor Paulo Dacorso Filho, Professor Octávio Domingues e da Comenda Muniz de Aragão que receberam suas homenagens.
Elizabeth Regina Rodrigues da Silva – Comenda Muniz de Aragão 2023
Pernambucana receberá a Comenda Muniz de Aragão
Com um perfil bem diferente dos laureados nos primeiros anos da Comenda Muniz de Aragão, voltada à Medicina Veterinária militar, Elizabeth Regina Rodrigues da Silva é mulher, negra e jovem. Apesar dos seus 41 anos, porém, a pernambucana tem um currículo respeitável, digno da homenagem, possuindo dezenas de pesquisas e trabalhos publicados e com cursos concluídos em diversas áreas da profissão.
Antes de ingressar no Exército Brasileiro e também durante sua permanência na Força, Elizabeth transitou por várias áreas de conhecimento da Medicina Veterinária. Emendou pós-graduação, residência, mestrado e doutorado após a graduação, cursada na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A especialização foi em clínica de pequenos, realizada simultaneamente à residência em clínica de grandes animais; já seu mestrado foi voltado à mineralização em caprinos, enquanto o doutorado teve como tema biotecnologia molecular aplicada aos animais de produção.
Nem por isso pretende ficar estagnada: já planeja um pós-doutorado com cavalos atletas, sua atual linha de pesquisa, inspirada pela atividade que realiza no Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti, organização militar do Exército, em Pernambuco. Além dos equinos, tem buscado se aprimorar na área de animais silvestres, pois o campo de instrução é um refúgio de vida silvestre, considerado a maior área de Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco.
“Pretendo estudar, pesquisar e atualizar conhecimentos em clínica médica e medicina de conservação. Aprendi que podemos exercer várias atividades sendo uma só pessoa e que os preceitos de hierarquia e disciplina moldam todos os soldados de Caxias”, afirma Elizabeth.
A qualidade do currículo, no entanto, não foi suficiente para a oficial temporária acreditar que poderia ser agraciada com a Comenda Muniz de Aragão, apesar de ela mesma ter encaminhado os documentos pleiteando a outorga ao Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV-PE). Para Elizabeth, que sonhava com a profissão desde a infância, a comenda é de suma importância como oportunidade de reconhecimento do trabalho do médico-veterinário militar.
“Não acreditava muito que poderia ser a escolhida, uma tenente temporária com pouca experiência na tropa. O Exército Brasileiro está repleto de excelentes médicos-veterinários, todos dignos de uma premiação, pois além de atuar na nossa profissão de formação, conciliamos inúmeras missões, em prol da saúde da tropa e dos animais”, avalia.
Por isso, demorou a acreditar quando, em um domingo à noite, checava seus e-mails segurando a filha Elis no colo e viu a mensagem do CFMV que a comunicava sobre a conquista. Precisou ler três vezes o ofício para se assegurar.
“Falei logo para a minha família, para meu comandante e me emocionei bastante! Passou um filme pela minha cabeça, com a trajetória da tenente Elizabeth, lotada em um campo de instrução, rodeada de verde por todos os lados e de animais que merecem atenção e respeito”, revela.
A rotina de médica-veterinária militar, como costuma ocorrer com seus pares, ultrapassa o aspecto da formação profissional. Além de chefiar a Seção Veterinária, que abriga equinos para o patrulhamento, formatura e lazer, dá apoio ao Centro de Triagem de Animais Silvestres Tangará, órgão da Agência Estadual de Meio Ambiente, nas atividades de soltura de animais silvestres dentro do campo de instrução; realiza diagnóstico de fauna; inspeciona o Programa de Auditoria e Segurança Alimentar; trabalha como oficial de controle ambiental da organização militar; participa de eventos civis e militares; e fornece apoio veterinário a outros quartéis, entre outras funções, de acordo com a necessidade do serviço.
“A comenda representa um reconhecimento do meu esforço e da minha dedicação à força; para os médicos-veterinários das Forças Armadas, materializa uma imensa conquista no âmbito da Medicina Veterinária militar”, diz.
Sobre a Comenda Muniz de Aragão
Criada em 2019, pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, homenageia médicos-veterinários que tenham prestado relevantes serviços à Medicina Veterinária Militar Brasileira. São elegíveis profissionais das Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica) ou das Polícias Militares dos estados e do Distrito Federal. Conheça todos os vencedores.
Alberto Neves Costa – Prêmio Professor Paulo Dacorso Filho 2022
Reconhecimento para a caminhada de trabalho na Medicina Veterinária
Vencedor do Prêmio Paulo Dacorso 2022, o médico-veterinário Alberto Neves Costa motivou-se pelas disciplinas de produção e saúde animal, cursadas no ensino técnico do Colégio Agrícola João Coimbra, em Barreiros (PE), nos anos 1960. E assim concluiu a graduação em Medicina Veterinária, em 1972, na Escola de Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Com o diploma, surgiu um novo desejo: formar novos profissionais.
“Ainda nos tempos de estudante, me senti estimulado a ingressar no magistério superior. Após a conclusão do curso, prestei concurso público e iniciei as atividades como professor, tendo como meta contribuir na formação profissional das futuras gerações de médicos-veterinários e zootecnistas”, conta.
Por isso, priorizou obter uma maior titulação acadêmica e científica. Vieram o mestrado, na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o PhD na Universidade Metropolitana de Leeds, na Inglaterra, e o pós-doutorado, no Colégio de Medicina Veterinária da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. O reconhecimento dessa trajetória, pelo Sistema Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária (Sistema CFMV/CRMVs), fez de Costa o 45º agraciado com o Prêmio Professor Paulo Dacorso Filho, outorgado a médico-veterinário que tenha realizado relevantes serviços à ciência veterinária e ao desenvolvimento agropecuário do país.
A indicação partiu do médico-veterinário Marcelo Teixeira, conselheiro efetivo do CFMV, visando homenagear o profissional, que foi fundador e primeiro presidente da Sociedade Pernambucana de Medicina Veterinária. Costa ainda tem no currículo a presidência do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV-PE) e da Academia Pernambucana de Medicina Veterinária. Também foi assessor técnico do regional de Pernambuco, além de vice-presidente, conselheiro titular e presidente da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do conselho federal.
“Mesmo desejoso de desfrutar do simbolismo que representa essa premiação na vida profissional dos colegas que já foram homenageados ou que ainda serão no futuro, reitero que não tomei a iniciativa de me inscrever como candidato ao prêmio”, faz questão de destacar.
Apesar de a iniciativa da inscrição não ter partido dele, Costa não conseguiu conter as expectativas com a possibilidade de concorrer à honraria. “Foi com enorme expectativa que aguardei o cumprimento dos dispositivos oficiais relativos à avaliação dos candidatos à premiação mais relevante da Medicina Veterinária brasileira”, relata.
Ao saber que havia sido indicado, o homenageado lembra. “Fiquei muito honrado quando soube que o meu nome foi ventilado, durante uma sessão plenária do CFMV, e depois, quando solicitado o memorial acadêmico para posterior análise e deliberação da comissão avaliadora”.
Enquanto professor e pesquisador, Costa ministrou diversas disciplinas e orientou alunos de mestrado e doutorado, bem como publicou uma série de artigos, em revistas científicas nacionais e internacionais, e livros e capítulos de livros técnico-científicos. Após a aposentadoria na UFRPE, passou a atuar como pesquisador do CNPq na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Emocionado, grato e orgulhoso, o vencedor do Prêmio Professor Paulo Dacorso Filho 2022 celebrou com os familiares a conquista de integrar um seleto grupo de homenageados da premiação, que teve início em 1977.
“Pessoalmente, sinto-me gratificado por ser distinguido com a magnitude de um prêmio tão almejado por todos os colegas que exercem a Medicina Veterinária com abnegação, ética e profissionalismo. Creio com humildade que representa um reconhecimento à nossa longa e profícua caminhada, trabalhando em prol dos interesses maiores da Medicina Veterinária”, concluiu o homenageado.
Ekaterina Akmovna Botovchenco Rivera – Prêmio Paulo Dacorso Filho 2023
Compartilhando conhecimento e colecionando conquistas em prol da Ciência de Animais de Laboratório
“Ninguém é capaz de tirar da pessoa o conhecimento. O verdadeiro saber gera humildade”. Quem conhece a trajetória da médica-veterinária Ekaterina Akmovna Botovchenco Rivera sabe que ela exerce, na prática, a frase que ela mesma elaborou. Suas inúmeras condecorações, reconhecimentos e títulos nacionais e internacionais nunca a tiraram da trajetória e do desejo de compartilhar seus conhecimentos com profissionais que trabalham com a ciência de animais usados em pesquisa.
“É importante sensibilizar médicos-veterinários de que as pesquisas com animais precisam ser desenvolvidas com consciência e responsabilidade, e que temos de ajudar os animais sob nossa responsabilidade a manter o bem-estar deles”, assinala.
A carreira da médica-veterinária coleciona vitórias importantes, como a aprovação da Lei nº 11.794/2008, que regulamenta o uso de animais em pesquisa e ensino, e a criação de Comissões de Ética no Uso de Animais no Brasil. Ela participou também da elaboração do Decreto nº 6.899/2019, que regulamenta essa legislação.
Formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atuou durante oito anos na Nicarágua. Ao retornar, trabalhou em clínica de pequenos animais, tendo posteriormente ingressado na Universidade Federal de Goiás (UFG) como médica-veterinária na área da Ciência de Animais de Laboratório (CAL).
Apaixonada pela nova experiência que surgia, fez mestrado e doutorado na Universidade de Londres. De volta ao Brasil, sugeriu ao presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) a criação de uma Comissão de Ética e Bem-Estar Animal, tendo sido prontamente atendida.
Na autarquia, participou da elaboração da primeira resolução do CFMV sobre eutanásia e da atualização do Código de Ética do Médico-Veterinário.
Em 2020, foi a primeira profissional não nascida nos Estados Unidos a receber o Prêmio Charles River, reconhecimento internacional concedido anualmente ao trabalho e à contribuição de médicos-veterinários à Medicina e à Ciência em Animais de Laboratório.
Ela também recebeu o título de Doutora Notório Saber, conferido pela UFG, onde foi coordenadora do Biotério Central e continua como pesquisadora voluntária. Em 2019, recebeu o título de Pesquisadora Emérita CNPq.
Neste ano, obteve mais uma conquista: o Prêmio Dra. Elinor Fontes, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul e da UFRGS; e recebeu menção honrosa no 1º Congresso Brasileiro de Métodos Alternativos, por suas iniciativas na ciência de animais usados em pesquisa.
Por tudo isso, e, claro, pela sua dedicação e responsabilidade com a saúde animal, chegou a vez de obter o reconhecimento do CFMV, por meio do Prêmio Professor Paulo Dacorso Filho 2023.
“Sinto-me inundada de gratidão a essa profissão, área do saber que escolhi e me deu tanta realização e satisfação. É o que sinto e faço uma reverência humilde a todas as oportunidades que agarrei nessa trajetória”, reflete a médica-veterinária.
Ekaterina é também membro titular do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), no qual foi coordenadora, entre 2020 e 2022; é integrante do grupo de consultores ad hoc em bem-estar de animais de laboratório da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA); e membro ad hoc do AAALAC-International, sigla para Association for Assessment and Accreditation of Laboratory Animal Care International. Trata-se de uma organização privada sem fins lucrativos que promove o tratamento humanitário de animais na ciência por meio de acreditação voluntária e programas de avaliação.
Rui da Silva Verneque – Professor Octávio Domingues 2019
Reconhecimento pela dedicação à pesquisa e ao ensino da Zootecnia
Foi com grande surpresa que o zootecnista Rui da Silva Verneque recebeu o telefonema do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) para participar da premiação da autarquia, o prêmio Professor Octávio Domingues, edição de 2019. “Não sei efetivamente quem teve a grande bondade de fazer esta indicação. Agradeço imensamente e fico extremamente honrado com a deferência”, revela o zootecnista.
E a indicação é comprovadamente merecida. Verneque coleciona prêmios e títulos e faz história na Zootecnia, principalmente nas áreas de bioestatística e genética, com ênfase em genética quantitativa, modelagem e avaliação genética. Com graduação e mestrado em Zootecnia, pela Universidade Federal de Viçosa, ele é pesquisador da Embrapa e foi pesquisador 1D em produtividade em pesquisa, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, tem doutorado em Agronomia, Estatística e Experimentação Agronômica, pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz, da Universidade de São Paulo (USP).
Verneque foi integrante do Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal (Concea) e diretor da Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal. Ocupou o cargo de chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Gado de Leite e de presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Coleciona publicações de artigos, já foi integrante do Comitê Gestor da Programação e presidente de comitês na Embrapa e membro e coordenador da Câmara de Zootecnia e Veterinária da Fapemig.
A área acadêmica sempre esteve presente no seu dia a dia. Ele foi docente do curso de pós-graduação em Biologia, Genética e Imunologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e participou em co-orientação nos cursos de mestrado e doutorado em várias outras universidades federais brasileiras.
“Tenho procurado cumprir o juramento feito como zootecnista, ao atuar em favor do aprimoramento das espécies animais, na conservação dos recursos naturais, na segurança alimentar, na sustentabilidade da produção animal, no bem-estar animal e na ética”, revela o agraciado.
Para ele, a outorga do prêmio Professor Octávio Domingues representa o reconhecimento do seu esforço e dedicação de anos de trabalho. “Um coroamento de minha vida profissional e de minha equipe. Um grande incentivo para que eu continue praticando a Zootecnia com a mesma eficiência, dedicação e ética, seja como pesquisador ou como produtor rural”, afirma.
João Ricardo Albanez – Prêmio Octávio Domingues 2021
Uma surpresa muito bem recebida
A história de João Ricardo Albanez com a Zootecnia começou ainda na adolescência, mas não tem qualquer relação com negócios ou tradição de família. Morador de Jaboticabal, a cidade universitária no interior de São Paulo oferecia algumas opções para ele cursar o ensino superior, em cursos de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia.
Por influência de um cunhado, que já estudava Zootecnia, decidiu ingressar no curso. O ambiente rural do município, na década de 1970, e a possibilidade de uma carreira na área o instigavam e pesaram na hora da escolha.
E assim ele concluiu a graduação em 1981, na Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, campus Jaboticabal. A primeira experiência profissional foi em uma granja avícola no estado do Rio de Janeiro. Depois, transferiu-se para Visconde do Rio Branco, em Minas Gerais, onde foi subgerente de produção, com atribuições relacionadas ao monitoramento do sistema de integração avícola, da fábrica de ração e do incubatório de aves.
Há 37 anos está no serviço público, atuando na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). “Na Emater-MG tive a oportunidade de fazer mestrado na área de nutrição animal e ocupar os cargos de extensionista local, coordenador regional e coordenador estadual” relembra.
Em 2005, foi convidado para um cargo e cedido à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais (Seapa). Atualmente é secretário-adjunto da pasta.
Por sua história, Albanez foi escolhido vencedor do Prêmio Professor Octávio Domingues 2021, honraria entregue pelo CFMV, desde 2008, a zootecnistas brasileiros que tenham realizado relevantes serviços ao desenvolvimento agropecuário do Brasil.
A inscrição na premiação ocorreu por meio da seleção realizada pelo grupo conselheiros e diretores do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais (CRMV-MG). Os conselheiros analisam currículos dos vários profissionais apresentados e seleciona o candidato a ser submetido à análise do CFMV, juntamente com os profissionais dos demais estados.
Albanez, que tem mais de 40 anos de atuação, apesar de lisonjeado, não imaginava a possibilidade de ser agraciado e custou a acreditar na homenagem. “Eu realmente, na hora, pensei: não é possível! Os colegas que estavam concorrendo, com certeza, têm mais experiências e trabalhos relevantes. Não acreditei, mas depois, quando a vice-presidente dra. Ana Elisa ligou, confirmando a premiação, foi um momento de felicidade e ao mesmo tempo um coroamento na minha trajetória profissional”, ressaltou Albanez, que também é vice-presidente do CRMV-MG.
Antelmo Teixeira Alves – Prêmio Professor Octávio Domingues 2022
Compartilhar conhecimento: motivação de vida
Compartilhar os conhecimentos da Zootecnia com os produtores rurais e outros profissionais, é o que tem motivado a vida profissional do zootecnista Antelmo Teixeira Alves, que atua como extensionista. Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e, há 35 anos, inscrito no Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Goiás (CRMV-GO), Alves é diretor de assistência técnica e extensão rural na Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária.
Com um expressivo envolvimento político em prol da valorização da Zootecnia brasileira, em especial a do estado no qual se radicou, Alves já foi presidente da Associação de Zootecnistas de Goiás, participou ativamente de discussões pela melhoria e abertura de vagas em concursos em instituições públicas, além de incentivar estudantes a buscarem sempre pela capacitação profissional.
Tamanho ativismo levou o zootecnista a ocupar cargos no CRMV-GO, no qual Alves foi conselheiro suplente e, na gestão 2020-2023, exerceu o papel de conselheiro efetivo. Atualmente, é vice-presidente do conselho regional para o triênio 2023-2026.
A trajetória que Alves vem trilhando ao longo desses anos só poderia culminar na indicação, pelo regional de Goiás, ao Prêmio Professor Octávio Domingues, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
Para o zootecnista homenageado, a premiação é um reconhecimento dos resultados de uma trajetória, além de estímulo para inspirar outras pessoas a seguirem carreira na Zootecnia.
“Receber esse prêmio é a certeza de que sempre estive no caminho certo e de que tudo vale a pena quando acreditamos e investimos sem esperar reciprocidade”, celebra Alves.
Aldi França – Prêmio Professor Octávio Domingues 2023
Um ex-aluno que fez jus ao legado do professor
Quando ainda ocupava os bancos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), na primeira turma do recém-criado curso de Zootecnia, Aldi França nem imaginava um dia receber o prêmio que levaria o nome de seu professor Octávio Domingues, idealizador e incentivador da criação do curso na UFRRJ.
Se é verdadeira a máxima de Aristóteles – “o discípulo supera o mestre” –, França mostrou isso na prática de sua vida profissional. O zootecnista mirou-se no exemplo de seu professor, trilhou os mesmos passos e dedicou parte dos seus 49 anos de carreira à docência, contribuindo para a formação das futuras gerações de zootecnistas.
Nascido em Celina, no estado do Espírito Santo, França mudou-se com a família, ainda criança, para o município de Seropédica (RJ). Apesar das adversidades que se apresentavam, carregava consigo a mensagem de força, coragem e cabeça erguida passada pelo pai, nunca se esquecendo da importância dos estudos.
Ainda na fase pré-vestibular, o jovem se dividia entre o emprego de atendente de portaria, no hospital do antigo Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Centro Sul (Ipeacs), e as aulas de Ciências e Técnicas Agrícolas, que ministrava duas vezes por semana, no período noturno, no município de Mesquita (RJ), região da Baixada Fluminense, para complementar a renda e ajudar no orçamento familiar.
Foram duas as paixões de França: a carreira acadêmica e a vida de pesquisador. Ainda na graduação, o então estudante de Zootecnia vislumbrou, na recém-criada Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a oportunidade de trabalhar como auxiliar de laboratório. Ele era responsável pelos cuidados e pela preparação de coelhos e hamsters destinados à pesquisa.
Logo após a conclusão do curso, foi aprovado no concurso público para pesquisador agropecuário da extinta Empresa Goiana de Pesquisas Agropecuárias (Emgopa). Mas como a sala de aula sempre foi o lugar desse capixaba, em 1976, foi aprovado em novo concurso, desta vez, para a vaga de auxiliar de ensino, na Escola de Agronomia e Veterinária (EAV) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
França percorreu muitos os caminhos para ascender à carreira acadêmica. Desde o mestrado, na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp, campus Jaboticabal), passando pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), chegando a professor assistente da UFG, instituição na qual se aposentou como professor titular, em 1992.
Porém, o amor por lecionar falou mais alto e o zootecnista tornou-se professor visitante da mesma instituição, na qual prestou novo concurso para professor titular, em 1994, permanecendo no cargo até 2015. Foi quando, aos 70 anos, com a aposentadoria compulsória, que França ingressou no Programa Voluntário da UFG, no qual deu continuidade às atividades no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, contando, atualmente, com quatro orientandos de doutorado.
Ao olhar em retrospectiva, o homenageado, negro e de origem humilde, lembra que valeu a pena não ter dado ouvidos à ordem do diretor da Ipeacs, que lhe falou para escolher entre estudar ou trabalhar, uma vez que “trabalhar já estava de bom tamanho para alguém como ele”.
“Naquele momento, fui obrigado e escolher entre trabalhar lá ou estudar. A partir de então, o dinheiro vinha somente da atividade como professor”, recorda-se França, indicado à premiação pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Goiás (CRMV-GO).
“Ministrar aulas, desenvolver pesquisa e extensão, de forma a contribuir com a sociedade tanto na formação de novos alunos quanto na difusão de conhecimentos gerados dentro da universidade foi minha meta profissional, e considero que a cumpri bem”, orgulha-se, e complementa:
“Se a premiação pode ser considerada o marco de uma carreira profissional, nos deixa também uma grande responsabilidade, a de continuar trabalhando para o engrandecimento da Zootecnia”.
Assessoria de Comunicação