Revista Cães & Gatos publica entrevista com presidente do CFMV
10/01/2018 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:43am
A primeira edição do ano da Revista Cães & Gatos traz uma entrevista especial com o presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Francisco Cavalcanti de Almeida. À publicação, Almeida fala sobre a carreira, o desafio de melhorar a imagem do profissional, e seus planos para a gestão.
“Realmente é um sonho e, até mesmo, uma surpresa”, relatou o presidente do CFMV, ao ser questionado se já havia se imaginado na posição de liderança do Conselho Federal. “Tenho uma equipe forte e que já tem um programa pré-estabelecido. Com ele, queremos, além de trazer um Sistema unido, um Sistema coeso, transparente, participativo e, com isso, forte”, descreveu na entrevista.
Ao falar sobre o programa da nova gestão, Francisco Cavalcanti de Almeida ressalta o interesse em fortalecer a comunicação com os Conselhos Regionais e com as associações, além de aumentar a presença dos representantes da Medicina Veterinária e da Zootecnia no Congresso Nacional. Também são prioridades a modernização e a integração do Sistema CFMV/CRMVs, processo que deve ser conduzido com transparência.
Como mensagem aos médicos veterinários e zootecnistas, Almeida deixa uma recomendação para que as classes continuem tendo orgulho da profissão. “Porque nós somos responsáveis pelo reino animal e todo seu bem-estar”, ressaltou. “A nossa profissão é nobre”, resumiu.
Confira a entrevista completa:
O Sistema é de Todos
Francisco Cavalcanti de Almeida é o novo rosto do CFMV. Sua missão é unir os setores da Medicina Veterinária
Sthefany Lara
Os cabelos brancos são reflexos de uma longa e reconhecida caminhada dentro da Medicina Veterinária. Nascido na cidade Goianinha, no Rio Grande do Norte, dedica mais de 40 anos ao exercício da profissão, mas, mesmo antes disso, já trabalhava no setor como técnico agrícola. Para os próximos três anos, há muitos desafios que Francisco acredita encarar e vencer com base no diálogo. À Cães&Gatos VET FOOD, ele contou um pouco de como pretende realizar seu trabalho ao lado de uma equipe escolhida a dedo para tornar a Medicina Veterinária e a Zootecnia cada vez mais fortes.
Revista Cães&Gatos VF: Antes de falarmos um pouco sobre a sua nova missão, gostaria que o senhor apresentasse um resumo da sua biografia.
Francisco Cavalcanti de Almeida: Ainda no Rio Grande do Norte, me formei como técnico agrícola, pelo Colégio Agrícola de Jundiaí. Em seguida, entrei para o Serviço de Acordo de Fomento Animal, da Delegacia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF), em Natal. Fui transferido para o Rio de Janeiro, em 1963. Em 1971, conclui o curso de Medicina Veterinária, pela Universidade Federal Fluminense (UFF, Rio de Janeiro/RJ), e me mudei para São Paulo, onde trabalhei como fiscal da indústria de vacina aftosa. Em 2002, fui eleito presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP, São Paulo/SP) e depois reeleito para os triênios 2009 a 2012 e 2012 a 2015.
Depois dessa longa caminhada, o senhor se imaginou à frente do CFMV?
Realmente é um sonho e, até mesmo, uma surpresa. Fui bastante incentivado pelo atual presidente do CRMV-SP, Mário Eduardo Pulga. Mas eu sabia que precisava do apoio dos outros Conselhos também, afinal, para ser presidente é necessário conseguir metade dos votos mais um. Quem vota? São os presidentes, vice -presidentes e um delegado escolhido pelos Regionais. E vencemos. Agora é a realidade.
À frente do CFMV qual será seu maior desafio?
Trazer a sociedade para o nosso lado. Hoje, essa mesma sociedade nos vê apenas como os doutores do cão e do gato. A Medicina Veterinária não é somente isso. Se você está comendo um churrasco ela está lá, se está tomando um bom leite, também está lá e mesmo como doutores dos pets estamos cuidando da saúde dos animais, mas também sendo agentes de saúde pública. E sinto que falta divulgação e comunicação.
Quais são suas propostas e como a sua equipe irá ajudá-lo?
Tenho uma equipe forte e que já tem um programa pré-estabelecido. Com ele, queremos, além de trazer um Sistema unido, um Sistema coeso, transparente, participativo e, com isso, forte. Fizemos um programa calcado em seis itens. O primeiro diz respeito aos Regionais. Queremos fortalecê-los. Dessa forma, nós também estaremos fortes. Queremos nos reunir, trimestralmente, nas chamadas Câmaras de Presidentes para discutir os problemas da Medicina Veterinária e da Zootecnia. Outro ponto é possibilitar que os CRMVs possam ajudar nas tomadas de decisões do Federal.
O CFMV, na sua gestão, irá buscar apoio político?
O segundo tópico do nosso projeto é justamente criar ações políticas eficazes para defender os interesses das classes. Temos profissionais diretamente ligados à política, precisamos procurá-los. Dentro disso, precisamos criar uma assessoria política para defender, no Congresso Nacional, os assuntos, tanto da Medicina Veterinária e quanto da Zootecnia. E para dar suporte a este trabalho, também iremos criar câmaras técnicas de ambas as especialidades com o objetivo de analisar projetos e propor ações para o desenvolvimento das profissões. Regularizar o curso de auxiliar de médico-veterinário e recompor as comissões de Zootecnia são outros exemplos.
Além desses dois tópicos, quais são os outros que fazem parte do plano de gestão?
Apontamos como um dos tópicos a modernização do Sistema desenvolvendo uma plataforma online que possibilite oferecer aos profissionais anotações de responsabilidade técnica, por exemplo, ou inscrições, registros, emissões de boletos, etc. Nosso quarto ponto é a integração de todas as ações do sistema, por meio de sistema de comunicação que leve em consideração as regionalidades e anseios das assessorias. O quinto ponto é a já citada transparência. Vamos implantar o Serviço de Atendimento ao Regional (SAR) e Ouvidoria para sistema, bem como a Transparência Pública nos moldes da lei. E, por fim, precisamos rever as resoluções vigente do CFMV.
Como o CFMV irá fiscalizar o número de cursos de Medicina Veterinária? A acreditação dos cursos, uma bandeira levantada pelo CRMV-SP, também será feita por vocês?
No Brasil, são, aproximadamente, 307 cursos de Medicina Veterinária. São muitos, no entanto, não me preocupo em relação a isso. Hoje, temos mais de 75 milhões de animais de estimação, fora suinocultura, caprinocultura, avicultura, apicultura. Faltam médicos-veterinários no mercado nacional. No entanto, os profissionais se concentram nos grandes centros e na clínica de pequenos animais. Por quê? Porque é o que traz retorno financeiro mais rápido. Precisamos apontar outros caminhos possíveis dentro da Medicina Veterinária. E fiscalizar, sim, os cursos noturnos, por exemplo, e identificar quais são suas implicações. Se estão de acordo ou não? Ensino a distância é outro ponto a ser debatido. A acreditação dos cursos foi iniciada, mas precisa ser levada para todo o Brasil, atualmente apenas três instituições receberam a acreditação por parte do CFMV, sendo um de Minas Gerais e dois de São Paulo.
O diálogo entre o CFMV e os CRMVs irá acontecer, como o senhor mesmo falou, mas em relação às Anclivepas, Associações e Sociedades, como vai ser a comunicação?
Embora recebam nomes diferentes, são todas voltadas à profissão, portanto, fazem parte do mesmo sistema. Então, não se pode deixar de lado pelo bem da Medicina Veterinária. Podemos sentamos e conversamos foi e será sempre pelo bem da nossa profissão.
Como o senhor vê a Medicina Veterinária daqui a alguns anos?
Temos que acompanhar a evolução da comunicação, isso é uma coisa fantástica. Logicamente, que existem algumas colocações que devem ser presenciais. Um exemplo: há um tempo, estava assistindo um processo cirúrgico na área humana, aqui em São Paulo, sob uma orientação de uma equipe médica nos Estados Unidos. Acredito que essa é a tendência e quem não seguir, ficará para trás.
Qual a mensagem que o senhor deixa para o médico-veterinário e para o zootecnista?
Ter orgulho da profissão! Porque nós somos responsáveis pelo reino animal e todo seu bem-estar, não me interessa a sua finalidade. Se eu hoje estou levando um rebanho para um frigorífico, é preciso pensar no seu bem-estar até na hora dele ser sacrificado. Se eu uso meia dúzia de camundongos para testar uma nova vacina, eu tenho que pensar no seu bem-estar, porque ele está salvando os animais e salvando a sociedade. É preciso refletir sobre todos esses aspectos, a nossa a profissão é nobre.
Por fim, gostaria de fazer um agradecimento?
Eu agradeço, primeiramente, a Deus por eu ainda estar aqui na terra, lutando, com todas as dificuldades que passei desde o tempo da infância. Chegar aqui não foi fácil, um caminho espinhoso com todas as barreiras, mas, graças a Deus, consegui ultrapassar todas elas. Em segundo lugar, agradeço à minha família, eu tenho um tesouro: minha mulher, minhas três filhas, meus dois netos e dois genros. Depois a própria profissão, que me fez chegar até aqui, e aos colegas de profissão que depositaram todas essa confiança em mim, em conduzir por três anos o CFMV, na esperança da gente ter um Sistema unido, coeso, transparente, participativo e forte. Essa é minha bandeira.
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Assessoria de Comunicação do CFMV