Raiva
28/09/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:25am
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo constatou, após investigação realizada pela Coordenadoria de Controle de Doenças e o Instituto Pasteur em parceria com os municípios, que a vacina utilizada neste ano no Estado de São Paulo para a imunização de cães e gatos contra a raiva foi responsável por reações adversas acima do esperado em animais vacinados.
Por isso, mantém a recomendação aos municípios paulistas, de suspensão das campanhas de vacinação desses animais, por tempo indeterminado, até que os Ministérios da Saúde e da Agricultura decidam se é necessário a substituição dos lotes encaminhados a São Paulo ou mesmo do produto. Esta decisão dos órgãos federais é fundamental para que os municípios paulistas possam dar seguimento às campanhas, protegendo, assim, os animais contra a raiva e evitando que a doença retorne ao Estado.
Foram distribuídos neste ano dois lotes da vacina Raipet-Biovet, adquirida pelo Ministério da Saúde, aos municípios paulistas: os de nº. 59/2010 e 139/2010. No entanto, 77,5% das cidades receberam exclusivamente o lote 59/2010. Este lote também foi o único distribuído nos municípios de São Paulo e de Guarulhos, os mais populosos do Estado e responsáveis por 67% das notificações de reações adversas.
De 13 de agosto a 21 de setembro foram notificados 3.424 casos de reação em cães e gatos vacinados no Estado, dos quais 890 (26%) foram considerados graves, conforme critérios de classificação estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Das reações graves, 717 foram em gatos.
A incidência de eventos adversos no mesmo período foi de 4,86 casos a cada mil animais vacinados. A taxa é considerada elevada quando comparada com registros de eventos adversos da cidade de São Paulo nos últimos três anos, com índices sempre inferiores a 0,07 casos de reação por mil animais vacinados.
Um estudo de campo realizado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria por meio de entrevista telefônica e visita domiciliar a proprietários de 82 animais com eventos adversos notificados ao Centro de Controle de Zoonoses de Guarulhos aponta que 57% dos cães e 32% dos gatos já haviam recebido outras vacinas em campanhas anteriores e não apresentaram reações. Oitenta por cento desses animais vivem em residências e não tiveram contato com animais doentes nas duas semanas que antecederam a vacinação.
Laudos das necropsias de 15 animais mortos após a vacinação, elaborados pela Universidade de São Paulo a pedido da Secretaria, apontam que cinco deles tiveram hemorragias digestivas. Outros dois também tiveram problemas no aparelho digestivo, sem confirmação de sangramento. Os demais apresentaram problemas diversos, como choque hipovolêmico e broncopneumonia. Dois laudos apontaram a causa da morte como indeterminada. Não é possível, entretanto, estabelecer a associação causal entre a vacina e os quadros encontrados nas necropsias.
Os resultados das investigações já foram encaminhados ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Agricultura. Técnicos do Ministério da Agricultura já estiveram em São Paulo recolhendo amostras do produto para análise, mas os resultados ainda não foram divulgados.
É importante ressaltar que a vacina contra a raiva humana, diferente do produto contra a raiva animal, está sendo oferecida normalmente à população do Estado de São Paulo para casos de mordedura, lambedura ou arranhadura de mamíferos.
Nota oficial (24/09/2010)