Raiva bovina perto de uma das principais regiões da pecuária de corte do RS

09/04/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:56am

 

Publicado no Zero  Hora em 09/04/2014

O surto de raiva herbívora presente no Rio Grande do Sul há três anos se aproxima de uma das principais regiões de pecuária de corte do Estado: a Campanha. Conforme a Secretaria Estadual da Agricultura, foram identificados focos da doença em Bagé e em Lavras do Sul – cidades onde até agora não havia registros de ataques. Até então restrita a pequenas propriedades, a doença ameaça agora grandes rebanhos de gado.

– Muitos criadores de animais ainda não entenderam a gravidade da situação. E o controle é feito com a prevenção – alerta o coordenador do Programa Nacional de Controle da Raiva Herbívora do Rio Grande do Sul, Nilton Rossato.

A preocupação é reforçada também pelo surgimento de focos da doença no Uruguai, próxima da fronteira com o Brasil. Desde 2011, quando o surto começou a se alastrar no Centro-Sul, mais de 100 mil animais morreram. Neste ano, já são 700 bovinos mortos. Conforme Rossato, a doença avançou em refúgios de morcegos não conhecidos pelo serviço de defesa, por isso a importância do produtor contribuir no combate:

– O criador tem de entrar nessa luta conosco, identificando refúgios de morcegos e nos avisando.

Diferentemente da Aftosa, na qual a contaminação se dá entre animais, a raiva é transmitida de maneira vertical, pelo vetor que é o morcego hematófago. A vacinação, que deve ser reaplicada 21 dias depois da primeira dose, não é obrigatória e sim estratégica. As orientações são para bovinos, equinos e bubalinos – animais mais expostos ao ataque de morcegos.

Sinal verde chinês para milho nacional

Com a autorização da China para importação de grandes volumes de milho, o Brasil se credencia como um dos fornecedores estratégicos do grão ao país asiático que aumentou em quase 40 vezes a demanda pelo produto nos últimos quatro anos. A formalização do acordo, ratificado em comunicado no site do governo chinês ontem, é um estímulo aos produtores rurais a investirem na cultura com perspectivas de valorização maior da commodity.

– As questões técnica e sanitária foram concluídas ainda em novembro do ano passado. Agora, com o comunicado do governo chinês, o setor privado tem sinal verde para ganhar mercado na China – aponta Lino Colsera, diretor do Departamento de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias do Ministério da Agricultura.

O principal parceiro da China hoje é os Estados Unidos, que no ano passado forneceu 90% do grão comprado pelo gigante asiático. O acordo é o segundo contrato firmado pelos chineses com um país latino-americano. Em 2013, a Argentina, terceiro maior exportador global, fez sua primeira venda de peso para a nação asiática.

– A demanda da China por milho está aumentando, e isso tende a puxar os preços para cima, assim como ocorreu com a soja – destaca o analista de mercado Faria Toigo.

Segundo maior exportador mundial, o Brasil deverá colher 75,1 milhões de toneladas na safra 2013/2014 – da qual cerca de 20 milhões deverão ser exportados para países como o Japão. Mesmo não sendo autossuficiente na produção de milho, o Rio Grande do Sul também deverá ser beneficiado com o acordo de importação firmado com a China.

– Isso motiva o agricultor a aumentar a área plantada. O importante é termos alternativa para fazer a mercadoria girar – afirma Claudio de Jesus, presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado (Apromilho-RS).

Da safra gaúcha estimada em quase 5 milhões de toneladas, em torno de 700 mil deverão ser embarcadas neste ano. Enquanto os produtores comemoram, a indústria de Aves e Suínos prevê dificuldades para abastecer o mercado interno gaúcho – que tem hoje déficit aproximado de 2 milhões de toneladas.

– Exportaremos mais milho para incentivar nossos concorrentes na produção de proteína animal – critica Nestor Freiberger, presidente das Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

Indígenas e a Constituição

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa aprovou ontem, por sete votos a dois, parecer favorável ao projeto de lei que proíbe a demarcação sobre pequenas propriedades de agricultura familiar para formação de territórios indígenas e quilombolas no Rio Grande do Sul. A medida prevê áreas particulares com até quatro módulos fiscais, no caso de terras destinadas à agricultura, e até 300 hectares nas áreas de pecuária.

Com a Constituição nas mãos, indígenas criticaram o projeto do deputado Heitor Schuch (PSB), alegando que a competência da matéria é federal. Agora, a proposta depende de acordo de líderes para ser votado em plenário.

A união de 29 grandes fabricantes de produtos lácteos, entre elas líderes do mercado, resultou na criação da Viva Lácteos. Lançada ontem em Brasília, a nova associação responderá por 70% da produção de leite e derivados do país, incluindo iogurte, queijo e requeijão.

US$ 6,55 bilhões foi o superávit da balança comercial do agronegócio brasileiro em março

– A nova diretoria da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) foi eleita ontem. O representante da Aprosoja de Mato Grosso do Sul, Almir Daspasquale, será o novo presidente da entidade.