Radiação

19/07/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:09am

Japão proibiu nesta terça-feira (19/7) a distribuição de carne bovina procedente da província de Fukushima após a confirmação de que mais de 600 vacas foram alimentadas com ração radioativa, em meio a uma crescente inquietação pelo alcance da contaminação alimentar na área atingida pela crise nuclear.

A proibição foi anunciada pelo ministro porta-voz, Yukio Edano, poucas horas depois da detecção do elevado nível de césio radioativo na pastagem utilizada para alimentar ao menos 648 vacas, cuja carne foi distribuída em 38 das 47 províncias do Japão.

A maior parte da ração contaminada era procedente da província de Fukushima, onde fica a usina nuclear gravemente danificada pelo tsunami de março, embora também ocorresse cultivo na região de Miyagi, que limita ao sul com a anterior.

Em uma fazenda da localidade de Motomiya, a 57 quilômetros ao noroeste da planta, detectou-se um nível de 690 mil becquereles de césio por quilo de forragem, 1,3 mil vezes o limite permitido pelo governo japonês e o nível mais alto encontrado até o momento.

Mas também foram encontradas altas quantidades de materiais radioativos em pastagens da cidade de Kitakata, a mais de 100 quilômetros da central envolvida no pior acidente nuclear desde Chernobyl. Na província de Fukushima há 4 mil reses que serão inspecionadas pelo governo até o início de agosto. Na vizinha Miyagi, também começaram controles nas 915 fazendas de gado.

Indenizações
Até agora as autoridades regionais solicitavam aos proprietários das fazendas que se abstivessem voluntariamente de vender a carne com suspeita de estarem contaminadas, mas não era proibição vinculativa.

O Ministério de Saúde japonês, em mensagem de calma, assinalou que comer várias vezes carne com níveis de césio radioativo superior ao limite fixado pelo governo não afetaria seriamente à saúde.

A paralisação do comércio neste setor representará um novo revés aos criadores de gado de Fukushima, aos que o Governo prometeu indenizações para compensar os prejuízos econômicos e psicológicos causados pela situação.

Também estão previstas compensações para atenuar as perdas resultantes da possível queda dos preços da carne bovina no Japão, onde anteriormente também ocorreu alerta sobre a contaminação em outros alimentos, como espinafres ou outras espécies de peixe.