Qualidade do leite é questão de saúde pública, afirmam especialistas durante o Congresso de Higienistas de Alimentos

01/05/2019 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:33am

Em pleno feriado do Dia do Trabalho (1/5), o médico-veterinário Leorges Moraes da Fonseca, da Comissão de Tecnologia e Higiene Alimentar do Conselho Federal de Medicina Veterinária (Contha/CFMV), participou da mesa-redonda sobre “Alterações das Análises Oficiais para Leite e Derivados”, prevista na programação do 15º Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos. O evento vai até o dia 3 de maio, em Maceió (AL).

Como coordenador-geral do laboratório de qualidade de leite da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o professor falou sobre as novas exigências quanto à qualidade do leite no Brasil e também compartilhou com os congressistas como funciona um laboratório oficial da rede brasileira. “No Brasil temos uma estrutura laboratorial comparável aos melhores laboratórios do mundo”, informou.

E não só em termos de estrutura, garantiu o professor, mas também em relação aos métodos analíticos de detecção de fraude, que estão cada vez mais sofisticados e eficazes para atestar adulterações no leite.“ O caminho da parte analítica é o mais importante e nisso o Brasil também está no mesmo nível dos laboratórios de primeiro mundo”, afirmou.

Mas qual a função dos laboratórios? De acordo com o professor, a análise de qualidade é extremamente importante para garantir a sanidade dos produtos que vão para a mesa do consumidor e impactam diretamente a saúde do brasileiro. “Trabalhar com qualidade é uma questão de saúde pública e defendo que o leite para consumo interno deva sempre ter o mesmo padrão do que é produzido para exportação, pois estamos falando da saúde das nossas famílias”, argumentou.

Legislação

Toda a análise oficial para atestar a qualidade do leite no Brasil segue regramento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Para falar da norma mais atualizada sobre o assunto, participou da mesa-redonda a auditora fiscal federal Michele Oliveira, que trabalha com as análises físico-químicas dos produtos de origem animal no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais.

A auditora apresentou a Instrução Normativa do Mapa nº 30/2018, que oficializa os métodos químicos e microbiológicos que serão utilizados nas análises de produtos de origem animal, dentro da rede de laboratórios oficiais ou credenciados ao Mapa.

Ela explica que a amostra coletada em triplicata pelos fiscais que trabalham nas indústrias, chamada de amostra fiscal, é enviada aos laboratórios a realização de análises e verificação de conformidade com relação aos parâmetros estabelecidos na norma e nos parâmetros vigentes.

“Além do teor de proteína, de gordura e de sólidos totais, que são análises centesimais, e de rotina do leite, são efetuadas as análises de fraudes para verificar a adição de substâncias estranhas a composição do leite, como soro de queijo, gordura vegetal, álcool etílico ou inibidores de crescimento”, revelou.

Para o médico-veterinário Gabriel Lee Tuñon, que conduziu os trabalhos da mesa-redonda, o debate serve de alerta para os médicos-veterinários e a indústria sobre a legislação atual, que entra em vigor no meio do ano. “Estamos tratando de uma questão de saúde pública e, para o produto estar adequado para ser consumido pela população, é necessário que esteja dentro das normas exigidas”, ressaltou.

Assessoria de Comunicação do CFMV