Psicólogos ministrarão palestras e oficina no XXIV Senemev
03/04/2019 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:33am
O que a universidade pode fazer para formar um profissional que tenha processos de autocuidado, resiliência e de zelo pela própria saúde mental, capaz de desenvolver competências socioemocionais desde a vida estudantil? Esse é um dos desafios propostos pelos psicólogos Claudia Menegatti e Cloves Amorim (foto), que ministrarão palestras e uma oficina no XXIV Seminário Nacional de Educação da Medicina Veterinária (Senemev), em Brasília.
A participação dos dois profissionais ocupará todo o primeiro dia de evento, agendado para 6 e 7 de maio. A ideia é abordar, num primeiro momento, fatores de risco e estratégias de prevenção, para depois debater a situação específica da saúde mental de médicos-veterinários, tanto no meio acadêmico quanto nas demais áreas de exercício profissional.
“Conversei informalmente com alguns profissionais, para saber sobre as experiências mais estressantes do dia a dia. Percebi que abandono, maus-tratos e até abuso sexual são fontes constantes de estresse, bem como a escolha do tutor pela eutanásia em vez do tratamento, pois sai mais barato”, comenta Amorim, que é especialista em Bioética e Cuidados Paliativos (Universidade Complutense de Madri), em Didática do Ensino Superior, além de mestre e doutor em Educação (todos pela PUCPR, onde também é professor titular do curso de Psicologia) – e desde 2000 pesquisa sobre a Síndrome de Burnout.
Ele explica que quem trabalha prestando cuidados vive numa situação de risco para a síndrome, reconhecida desde o final da década de 1990 pela legislação brasileira, que a descreve como “sensação de estar acabado”. A principal diferença para o estresse crônico é que o afastamento do trabalho não é suficiente para a recuperação. “A pessoa fica ‘encalacrada’ entre o que faz e o que efetivamente gostaria de fazer, profissionalmente falando. Mesmo longe do local de trabalho, está em sofrimento constante”, descreve.
Conhecer-se é a melhor prevenção
“Conhece-te a ti mesmo”, aforismo grego inscrito no templo de Delfos e sem autoria conhecida, é a estratégia mais eficiente de prevenção das doenças de cunho mental, seja Síndrome de Burnout, estresse crônico, a depressão ou qualquer outra.
Amorim afirma que com autoconhecimento é possível identificar o sofrimento, que se mostra por meio de alterações físicas, cognitivas e fisiológicas, como mudanças de sono, apetite, irritabilidade e perda de libido. Prática regular de atividade física, reeducação alimentar, avaliar o consumo de álcool, tabaco e outras drogas são meios de evitar excessos, bem como técnicas que ajudam no equilíbrio mental e bem-estar, a exemplo de relaxamento, ioga e mindfullness – estilo de meditação que busca um estado mental de controle da capacidade de se concentrar nas experiências e sensações do presente.
O psicólogo ressalta, ainda, a importância dos exames de rotina e da implementação de políticas de saúde do trabalhador nas empresas. E quando tudo está a ponto de desmoronar, a indicação é por uma avaliação com psiquiatra, psicólogo, clínico-geral ou médico do trabalho para obter o diagnóstico correto. “A falta dessa avaliação pode levar a um grau de desespero, depressão e dependência química que podem desencadear o suicídio, que para o sujeito é a busca por alívio imediato”, alerta Amorim. O XXIV Senemev será no Centro Universitário de Brasília (Uniceub), nos dias 6 e 7 de maio. A programação completa do XXIV Senemev está aqui e as inscrições gratuitas estão abertas.
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Assessoria de Comunicação do CFMV