Projetando sombras

25/09/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:55am

Artigo – A evolução ocorrida na Zootecnia e na Medicina Veterinária brasileira tem correspondido às expectativas que a sociedade almeja. Os resultados alcançados com o III Congresso Brasileiro de Bem-Estar Animal, realizado no mês de agosto, próximo passado, em Curitiba, Paraná, se constituíram na prova cabal e irrefutável de que o Sistema Conselho Federal e Conselhos Regionais de Medicina Veterinária palmilha o caminho certo. 

Fruto de trabalho sério, pensado, programado e planejado, no sentido de preparar, despertar, discutir, propor e planejar as questões que envolvem as nossas profissões no campo do bem-estar animal, o sucesso foi o resultado. 

Mais de 700 (setecentos) profissionais compareceram e demonstraram , de forma proativa, que não é vendendo ilusões que conquistaremos e consolidaremos o nosso lugar ao sol. A utilização de animais, em todos os aspectos, quer na produção, na companhia, no esporte, no ensino, na pesquisa, em todas as formas de sua exploração, não pode ser tratada por entidades, órgãos, organizações, profissionais outros que não aqueles que se  dedicam  para a saúde animal. 

É evidente que não desejamos ser exclusivistas, mas, caudatários, jamais. Os conhecimentos adquiridos em nossas profissões, em todos os campos de atividade, nos acreditam a expressar opiniões pautadas em conhecimento técnico-científico e não na arte do “achismo”. A luta continua. Estamos agora preparando a realização do Seminário de Ensino da Medicina Veterinária , vez que o da Zootecnia já foi realizado no primeiro semestre deste ano. 

Com este trabalho estamos evidenciando a preocupação do Sistema CFMV/CRMVs com as questões do Ensino da Medicina Veterinária no nosso país. Temos que preparar os profissionais a serem colocados no mercado de trabalho em condições que satisfaçam a demanda do mercado. Discutir com a comunidade acadêmica as formas , os conteúdos, as práticas, os projetos pedagógicos e os mecanismos para adaptarmos àquilo que a realidade está a exigir. 

Estamos caminhando em busca de realizações de projetos e programas que os profissionais estão necessitando, e, sobretudo, nos preparando para enfrentar as próximas décadas. Trabalhar é o que o Sistema tem feito em todo o nosso país, com propostas e realidades factíveis. Não vendemos sonhos nem ilusões, mas estamos com as nossas mãos e nossas mentes em plena atividade de trabalho. Trabalhar dá resultados e é exatamente isso que temos realizados no Sistema CFMV/CRMVs. 

A participação dos nossos profissionais nas últimas décadas tem sido a mais diversificada possível, quer nas áreas urbanas, rurais ou no meio ambiente. O ensino é um tema que deve ser nossa preocupação constante, sobretudo pela responsabilidade que temos com as nossas futuras gerações e com o planeta em que vivemos. Muitas vezes, me encontro com pessoas que exaltam suas posições sobre determinados assuntos  sem considerar outras opiniões. Pior, manifestam-se como se a sua   verdade fosse resultado de análises, de pesquisas, de horas de reflexões. Ledo engano. Posicionam-se  em função da emoção e não pela razão. Se o assunto é bem-estar animal, bioética, ética, meio ambiente, não importa, simplesmente dizem o que pensam, porém sem nenhum embasamento técnico-científico. Ora, se pessoas que detêm título de nível superior têm este tipo de comportamento, o que podemos esperar daqueles que nunca ouviram falar da lei da gravidade, da física quântica, da genética, da biologia, das reações químicas, etc? Nesse momento parece-me que todos se igualam, por baixo,  os ignorantes absolutos com os ignorantes por conveniência. Do ponto de vista prático, ambos representam o mesmo nível de conhecimento, embora uns tenham cursado universidade. Sejamos conscientes e responsáveis para com a sociedade atual e a futura. Não tenhamos posições imediatistas. Sejamos pessoas que vivem no século 21 e, portanto, comportemo-nos como a sociedade espera de gente civilizada, em nível alto . Deixemos para trás a escuridão. Sejamos luzes para projetarmos sombras.

Por dr. Benedito Fortes de Arruda, Médico Veteriário e presidente do CFMV