Produção

14/06/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:26am

Com o apoio da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil está encabeçando uma iniciativa para harmonizar processos de produção, tributação, classificação e legislações para registro de produtos ligados à nutrição animal na América Latina. A região representa 17% de toda a produção de ração e suplementos do mundo.

A medida envolve, em um primeiro momento, representantes das indústrias de alimentação animal de praticamente todos os países da região, mas a entrada dos governos no processo de negociação é esperada partir de novembro deste ano.

Líder na produção de ração e nutrientes para alimentação animal na América Latina, o Brasil está estruturando uma matriz de correlação entre todos os produtos fabricados e comercializados internamente no bloco latino e que também são exportados a partir da região. O desenvolvimento dessa matriz passa pela análise das regras vigentes em cada país da América Latina para que sejam identificados pontos em comum nos processos de importação e exportação. O objetivo é eliminar entraves burocráticos que eventualmente possam existir.

"Um movimento semelhante a esse foi feito há dez anos, mas acabou não vingando. Acreditamos que existam pontos mais simples de serem solucionados e outros mais sensíveis. De qualquer forma, harmonizar simples processos pode representar um aumento do comércio entre os países da América Latina e também da região para outros blocos", afirma Flávia Ferreira da Costa, secretária geral da Associação das Indústrias de Alimentação Animal da América Latina e Caribe (FeedLatina).

Uma das primeiras medidas a sair do papel e virar realidade será a padronização das boas práticas de produção de ração. Segundo Flávia, o padrão brasileiro será adotado como base para ser implantado nos demais países, mas serão respeitadas as peculiaridades de cada um. "Esse e outros pontos mais simples já devem entrar em vigor a partir de 2011."

Outro ponto que deve ser estimulado é a busca por matérias-primas dentro do próprio bloco. O México, por exemplo, segundo maior produtor latino-americano de ração, é um grande fornecedor de nutrientes, mas é obrigado a importar grãos para fazer a composição dos produtos. Já o Brasil, é um grande produtor de grãos, mas depende da importação de aminoácidos. "Essa troca de produtos pode ser feita dentro do bloco, mas muitas vezes não ocorre devido à burocracia existente", explica Flávia.

Apesar de o movimento estar sendo liderado pela iniciativa privada, os governos passarão a negociar efetivamente uma padronização de todas as normas a partir de novembro deste ano, no Brasil. A ideia é que as entidades regulatórias de todos os associados da FeedLatina comecem a avaliar as correlações existentes entre cada país para levar as discussões para o campo diplomático e comercial.

A América Latina produz hoje cerca de 120 milhões de toneladas de ração e nutrientes para alimentação animal. O Brasil é responsável pela produção de metade desse volume. É seguido por México e Argentina, que produzem 27 milhões e 8 milhões de toneladas, respectivamente. "Diferentemente do que ocorreu há dez ano, este é o momento ideal, pois todos os países estão interessados e se mobilizando para que esse projeto vá para frente", afirma Flávia.