Presidente do CFMV alerta para perigo da carne clandestina em audiência pública no Senado

13/04/2017 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:45am

Por Roberta Machado

O Presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Benedito Fortes de Arruda, ressaltou a importância do médico veterinário no serviço de inspeção de alimentos, e destacou o papel do governo em esclarecer a população a respeito dos perigos oferecidos pela carne de origem clandestina. Arruda falou aos parlamentares nesta quarta-feira (12/04) em uma Audiência Pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal dedicada a tratar da vigilância sanitária brasileira.

Os produtos de origem animal fiscalizados e inspecionados, lembrou Arruda, têm a segurança atestada pelo trabalho do médico veterinário. “O objetivo do médico veterinário na fiscalização é evitar as chamadas patologias, as chamadas antropozoonoses. Aquelas doenças que são transmitidas de animais para seres humanos e de seres humanos aos animais”, apontou o Presidente do CFMV na audiência.

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               Presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda, participa de audiência no Senado. Foto: CFMV

Segundo Arruda, o país conta com profissionais o suficiente para atender à demanda do país – são mais de 114 mil médicos veterinários em atuação no Brasil. Mas esses profissionais teriam de ser mais absorvidos pelo sistema de inspeção, e mais bem distribuídos nos municípios brasileiros para combater o alimento clandestino.

“O grande problema que nós temos no nosso país é estabelecer uma cultura para a sociedade brasileira de que não se pode utilizar ou consumir produtos de origem animal oriundos de abate clandestino. Esses sim, são extremamente deletérios e perigosos”, alertou.

A audiência pública teve como objetivo tratar os desafios da Vigilância Sanitária Brasileira frente aos desdobramentos da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março.

 “Devemos dar uma resposta efetiva sobre a carne brasileira à população”, apontou o Senador Welington Fagundes, que é médico veterinário e conduziu a sessão. Ele defendeu a qualidade da carne brasileira, e cobrou melhorias no sistema por meio do aumento do número de médicos veterinários no Sistema de Inspeção Federal. “Eram 2,5 mil médicos veterinários na década de 1980, e hoje são 400”, comparou.

Ariel Antônio Mendes, também médico veterinário e diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), apontou que já são poucos os mercados estrangeiros que mantém embargos para o produto brasileiro depois dos desdobramentos da Operação Carne Fraca, e que o maior desafio no momento é reconquistar o consumidor nacional. “Os 160 países para os quais exportamos conhecem muito bem a qualidade da carne brasileira. É questão de tempo para esclarecermos com eles. Mas o consumidor também ficou muito impactado pela mídia e pelas redes sociais”, ressaltou Mendes.

O representante da ABPA também lembrou que, embora as exportações sejam de grande importância para o agronegócio, o brasileiro ainda é o maior consumidor da carne brasileira. Segundo Mendes, apenas 30% da carne nacional tem como destino o exterior. “A qualidade do nosso produto é realmente boa. O frango exportado é o mesmo consumido no mercado interno”, frisou.

Assessoria de Comunicação do CFMV