PRESERVAÇÃO

13/03/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am

Assim que surgem os primeiros raios de sol, já é possível ouvir os sons e contemplar o voo elegante e ensaiado delas. São várias araras-azuis, em duplas ou em bandos, que colorem a natureza em constante transformação do pantanal sul-matogrossense. No entanto, nem sempre a vida dessa ave foi respeitada pelo homem. Ameaçada principalmente pelo tráfico de animais, a espécie quase desapareceu no fim dos anos de 1980. Só sobreviveu na região, além de outros fatores, graças ao empenho da bióloga Neiva Guedes que, há 23 anos, estuda e dedica quase todo o tempo disponível à preservação delas. O projeto pioneiro é desenvolvido pelo Instituto Arara Azul e patrocinado pela Fundação Toyota do Brasil.

Neiva conta que a paixão começou em 1989, quando viu um bando de araras no pantanal durante uma prática de campo do curso de biologia. Quando foi informada de que a ave estava ameaçada de extinção, descobriu sua vocação: salvá-las. "É uma ave linda. Não tinha como eu não me apaixonar e nem deixar que elas chegassem ao ponto de não existirem mais." E assim, deu início ao projeto que, além de um conjunto de ações de sustentabilidade na região, é boa opção para os turistas, que podem observar, fotografar e acompanhar o monitoramento de ninhos feito todos os dias na região.

A programação geral deve ser realizada em, no mínimo, quatro dias, dentro da Reserva Caiman, na pequena cidade de Miranda. Reconhecida pelo governo do estado como uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, a Caiman é o principal refúgio das araras e de várias outras espécies. Do aeroporto de Campo Grande até lá, o turista fará o percurso de 236km – sendo 200km em via asfaltada e 36km off-road -, em aproximadamente cinco horas.

Local seguro

Chegando ao destino, o turista se depara com uma área de 53 mil hectares cercada de natureza. Durante o dia, o roteiro inclui safáris ecológicos, nos quais se observam de perto os pequenos detalhes da vida selvagem. O pantanal é regido por ciclos anuais de secas e chuvas. O período de estiagem, que vai de julho a setembro, é a melhor época para avistar os animais pantaneiros. Já as cheias (janeiro a março), que melhor caracterizam o pantanal, é ideal para quem está em busca de mais aventura e esporte, como passeios de canoa.

Na atividade principal, os biológos e os estudantes é que fazem o trabalho, observados atentamente pelos visitantes. São percorridos vários ninhos, que estão cadastrados pelo instituto, onde verificam se foram ocupados pelas araras-azuis ou outras espécies. Para isso, é necessário escalar as árvores, utilizando equipamentos e técnicas de alpinismo e rapel. Quando encontram um ovo ou um filhote, a comemoração é geral: todas as informações sobre o animal são anotadas, e os turistas têm a oportunidade de vê-lo e fotografá-lo, enquanto os biólogos explicam as características e o comportamento da espécie. Depois disso, ele é levado de volta.

São cerca de 3 mil Aves monitoradas, pelo menos, uma vez por mês, em 364 ninhos espalhados por 47 fazendas pantaneiras. Além dos naturais, há nichos artificiais, projetados e produzidos pelo instituto, que têm ajudado muito a busca das araras por um local seguro para se reproduzir.

Depois de um dia de aventura, o turista desfruta do conforto da estrutura hoteleira da reserva. São duas sedes totalmente independentes, separadas por 22km, que oferecem um ambiente elegante e, ao mesmo tempo, rústico, acolhedor e confortável, totalmente integrado à natureza. Todos os quartos têm vista privilegiada, banheiros com água aquecida, ar-condicionado, ventilador de teto e ponto de acesso à internet. Há também áreas sociais com televisão e aparelho de DVD. Nas duas pousadas, as diárias incluem pensão completa (café da manhã, almoço e jantar), passeios e atividades previstas na programação, acompanhadas pela equipe do Projeto Arara Azul.

Mais encantos

Ao longo do pantanal, o convite será apenas à contemplação de uma infinidade de Animais Selvagens sem grades e sem jaulas. Além das araras-azuis, que aparecem durante toda a viagem, há capivaras, antas, tamanduás-bandeira, cervos, macacos-pregos, entre outros. Os mais presentes são os jacarés, que lotam as margens das lagoas em busca de água e de comida. No fim do dia, quando chega o pôr do sol, ouvindo uma profusão de grasnados e piados de bichos, o visitante já terá se apaixonado pela maior planície alagável do mundo, onde a vida obedece à vontade das águas.