preocupação
05/06/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am
Apesar de ser considerada uma forma de energia limpa, a geração eólica pode colocar em risco espécimes de pássaros e morcegos cujas rotas estejam nas proximidades dos aerogeradores. Foram registrados casos de mortandade principalmente nos Estados Unidos – o segundo país no ranking de geração de energia através do vento, atrás apenas da China – em parques eólicos mais antigos.
De acordo com Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), ainda não foram detectados casos graves de mortandade e o fato de o país ter entrado mais tarde neste mercado é considerado uma vantagem, já que a maioria das novas plantas incorpora tecnologias de geração recente com o intuito de evitar impactos ambientais.
"Nos Estados Unidos ocorrem problemas principalmente nos parques eólicos mais antigos, em que não foram observados cuidados que evitassem atrapalhar as rotas migratórias das Aves", afirma o diretor do Centro Brasileiro de Energia e Mudanças Climáticas (CBEM), pesquisador Osvaldo Soliano Pereira. De acordo com ele, "nos projetos mais recentes, esses problemas não ocorrem na mesma proporção".
A presidente executiva da Abeeólica, Elbia Melo, acrescenta que as usinas eólicas precisam de licenças dos órgãos ambientais do Estado e da União antes de começar a operar, o que minimiza a possibilidade de ocorreram problemas dessa natureza.
Elbia Melo explica que a instalação dos equipamentos eólicos exige estudo de avifauna e, mesmo com o vento favorável, as hélices não devem ser colocadas em rotas migratórias.
Segundo os especialistas, nos projetos em implantação no Brasil, apesar das grandes dimensões das pás dos aerogeradores, o giro é lento o suficiente para serem detectadas pelos animais voadores. Outro cuidado que deve ser tomado é a construção de torres de sustentação compactas de aço ou concreto sem pontos de apoio para a construção de ninhos dos pássaros.
O diretor do CBEM ressalta que as primeiras plantas eólicas causavam outros transtornos, como o excesso de ruídos nos aerogeradores. "O barulho provocava reclamações principalmente quanto as torres estavam instaladas próximas a áreas mais povoadas. Mas hoje os equipamentos mais modernos, como os que operam no Brasil, são bem mais silenciosos, emitindo ruídos próximos ao de eletrodomésticos", ressalta o pesquisador.
O diretor técnico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Norte, Manoel Jamir Fernandes Júnior, ressalta que a energia eólica, comparada com as outras matrizes energéticas, é de baixo impacto ambiental. De acordo com o diretor, a construção de um parque eólico pode causar impacto durante a sua construção, mas é minimizado posteriormente porque, no máximo, 8% da área total será ocupada.
"Um parque eólico ocupa pouco espaço proporcionalmente e não há necessidade de desmatamento. Inclusive, não é permitido construir entre os aerogeradores", lembra ele, destacando que podem ser mantidas atividades como agricultura e criação de gado nos parques eólicos.
Fernandes Junior diz que também há os que reclamam do impacto visual causados pelos aerogeradores. Ele não acredita que isso pode ser considerado um problema para a expansão da energia eólica no país. "Os parques eólicos podem até se transformar numa atração", opina o diretor técnico. (PF)