Piscicultura
15/02/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:44am
Nas praias próximas a Fortaleza, CE, é comum o comércio ilegal de um pequenino animal aquático, pouco mencionado até pelos defensores da biodiversidade: o cavalo-marinho. Bastante visados pelos mercados japonês e europeu, onde a aquariofilia (criação de animais aquáticos ornamentais em aquário) conta com um grande número de adeptos, os cavalos-marinhos são retirados com frequência do litoral cearense por pescadores em busca de renda extra. A prática tem seu lugar porque a cota estabelecida pelo Ibama para a venda legal de cavalos-marinhos – 250 animais por ano por empresa autorizada – é insuficiente para atender à demanda mundial. Espectador deste cenário, o Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará, pesquisa, há seis anos, o processo de criação em cativeiro destes animais marinhos.
A meta final dos estudos é levar aos pescadores treinamento e material apropriado para que possam criar cavalos-marinhos e abandonar a captura em ambiente natural. Luis Parente Maia, coordenador acadêmico do Labomar, acredita que, com a oferta de animais provenientes de criatórios, a cota oficial deixará de ser necessária, já que foi estabelecida para limitar a exploração da espécie na natureza. “Há uma demanda gigante pelo animal. Por isso, os pescadores os vendem em feiras, de forma clandestina”, diz.
Boa parte dos processos de reprodução e engorda está dominada. Maia explica que o fato de os cavalos-marinhos pesquisados pelo instituto (gênero Hippocampus) serem nativos da região, mais especificamente de estuários, beneficiou o andamento do trabalho. Na técnica desenvolvida pelo Labomar, a desova de ovos e sua fecundação ocorre de maneira natural, sem o expediente da indução hormonal – comum na reprodução em cativeiro de peixes.
Um casal produz, em média, 250 filhotes. Destes, em torno de 40% sobrevivem, o que resulta na obtenção de 60 a 80 cavalos-marinhos a cada dois meses, quando se dá a reprodução. Esse percentual de sobrevivência, entretanto, ainda pode ser elevado. “No mercado internacional, um cavalo-marinho pode chegar a US$ 120”, afirma o coordenador do Labomar.
O próximo passo da pesquisa é aprimorar os estudos relacionados à alimentação dos animais. Na natureza, a espécie se alimenta de um minúsculo crustáceo, chamado artêmia, mas o objetivo é que os pescadores alimentem seu “cardume” com ração. Antes de bater o martelo nesta opção, porém, os pesquisadores analisarão se a mudança na dieta afeta a cor dos animais, fator muito observado na aquariofilia.
“A ideia é entregar aos pescadores formas juvenis de cavalo-marinho (com oito meses de idade) condicionados a comer ração e tubos de ensaio com microalgas para alimentá-los por 60 dias. Após esse período, o cavalo-marinho estará pronto para deixar a artêmia e comer ração,diz Maia.