Pesquisadores descobrem inimigo natural da leishmaniose
13/09/2009 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:28am
O Laboratório de Entomologia Médica do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR), unidade da Fiocruz em Belo Horizonte, desobriu um nematóide (verme intestinal com menos de um milímetro de comprimento) capaz de matar os flebotomíneos transmissores da leishmaniose visceral antes que eles se reproduzam. Segundo os pesquisadores, o verme poderia ser utilizado como controle biológico do vetor da leishmaniose em áreas endêmicas.
A equipe do biólogo Paulo Pimenta, que capturava os insetos para pesquisas na Gruta da Lapinha, no município de Lagoa Santa, notou, por acaso, que muitos morriam antes de chegar ao laboratório e que muitos recém-chegados não se alimentavam, apesar de terem o abdômen estufado.
Primeiramente suspeitou-se da alimentação, que poderia estar contaminada. Mas depois de análises mais apuradas foram detectados larvas e ovos de nematóides instalados no intestino de machos e fêmeas.
É a primeira vez que se descreve, no Brasil, um nematóide parasita de flebotomíneos: o verme, que ainda não tem seu nome de espécie, é membro da ordem Rhabditida e da família Steinernematidae. O ciclo de vida é simultâneo ao do L. longipalpis e a infecção ocorre somente entre os insetos, sem transmissor intermediário, o que exclui o risco de contaminação no homem.
A finalidade do estudo é infectar in vitro flebotomínios capturados de regiões endêmicas e devolvê-los ao campo para transmitirem o parasita aos demais vetores. No entanto, ainda serão necessários testes em campo para se confirmar essa teoria. O desafio é encontrar o local adequado. Outra tarefa é descobrir como ocorre a contaminação do inseto.
Supõe-se que a larva do L. longipalpis se contamina ao alimentar-se de restos do corpo de flebotomíneos contaminados ou quando os vermes penetram na larva.
Pesquisadores do René Rachou também desenvolveram um novo modelo de capacitação de serviços de saúde para o diagnóstico e tratamento das leishmanioses, que está sendo aplicado na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), realizando o treinamento de recursos humanos, a descentralização de laboratórios de referência e a implantação de uma rede de informação. Um dos estudos avalia o conhecimento da população e a capacidade informativa dos folhetos existentes sobre a doença e propõe um modelo de cartilha.
Fonte: Revista Fiocruz