Pesquisa com a participação de médica veterinária contribui para a preservação do jacaré-de-papo-amarelo

09/11/2015 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:50am

Das vinte e três espécies de crocodilianos conhecidos no mundo, seis estão no Brasil. Um deles é o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), o maior predador de água doce do sul do país. Na idade adulta os machos podem chegar a 3,5 metros de comprimento do focinho até a calda. As fêmeas são menores, raramente ultrapassam os 2 metros de comprimento.

A espécie é encontrada em quase todas as regiões do país, habitando lagoas costeiras, brejos, manguezais e pântanos de água doce ou salobra, principalmente nos biomas Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa.

Um projeto com a participação da médica veterinária Daniela Hanggi pretende entender e identificar qual a origem da alimentação do jacaré e avaliar esta disponibilidade em banhados e áreas úmidas que vêm sofrendo inúmeras pressões pelo desenvolvimento humano. A implantação de rodovias, pastagens, plantações, caça ilegal e crescimento das cidades estão entre as principais causas de ameaça para a espécie.

O projeto “Fluxo de Energia: Jacaré-de-papo-amarelo” é desenvolvido pelo Instituto Boitatá em parceria com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e faz parte do projeto de mestrado do biólogo Diogo Araújo. 

Muitas horas de observação na Estação Ecológica do Taim, no Rio Grande do Sul, esperam os pesquisadores. Cada animal estudado será marcado individualmente e medido o tamanho total e comprimento da cauda. 

“Esperamos descobrir quantos jacarés existem na região, identificar os machos e fêmeas e saber quantos são filhotes”, afirma Daniela Hanggi.

A análise de um fragmento da cauda servirá para conhecer qual o tipo de alimentação de cada jacaré, se composta por animais terrestres ou aquáticos. A médica veterinária explica que conhecer essa preferência de acordo com a idade e peso dos animais ajuda a entender como a modificação do ambiente pode afetar o principal predador aquático da região.

O papel do profissional de Medicina Veterinária no projeto

Daniela Hangii explica que a presença de um profissional de Medicina Veterinária no projeto é fundamental para garantir a escolha de protocolos de manejo e procedimentos adequados, principalmente na coleta das amostras.

“Justamente por ser um fragmento obtido através de um método relativamente invasivo, pois causa lesão à camada muscular, é preciso que seja feito por um profissional capacitado para realizar a avaliação do animal e definir o melhor método de atuação garantindo o máximo de segurança e bem-estar aos animais e às pessoas presentes”, explica.

Segundo ela, a parceria entre médicos veterinários e biólogos garante procedimentos cada vez mais éticos e traz benefícios às profissões através da constatação de comportamentos e hábitos que podem esclarecer dúvidas em relação aos animais mantidos em cativeiros, melhorando o manejo e o tratamento de doenças.

 “O projeto visa servir de subsídio para zoneamentos e planos de ação que visem a conservação da espécie. Os banhados e áreas úmidas vêm sofrendo inúmeras pressões com os impactos regionais como caça, agricultura e seus defensivos agrícolas, urbanização e geração de energia”, conclui.

Assessoria de Comunicação do CFMV