Pesquisa

05/04/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:20am

Estudos do “U.S Geological Survey”, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e da Academia Chinesa de Ciências se utilizaram de satélites, dados recentes e genética para revelar uma ligação, até então desconhecida, entre aves selvagens, criações e o movimento do vírus da gripe aviária.

Pesquisadores acoplaram transmissores GPS a 29 gansos-índicos – espécie selvagem migratória do continente asiático que teve milhares de indivíduos mortos pelo surto de gripe aviária de 2005. os dados coletados mostraram que os animais marcados no lago Qinghai, na China, migraram, no inverno, para uma região próxima a Lhasa, capital do Tibet, distante mais de 1000 km, próxima de fazendas onde os surtos de H5N1 atingiram gansos e frangos de criação.

É a primeira evidência de um mecanismo de transmissão entre animais de criação e aves selvagens, disse Diann Prosser, pesquisadora do projeto. “Nossos estudos sugerem surtos iniciais em aves de criação no inverno seguidos por surtos em aves selvagens na primavera. Os dados da telemetria mostram que, durante o inverno, gansos selvagens passaram por locais próximos às criações que tiveram casos de H5N1, principalmente pela abundância de alimento.”

O papel de aves selvagens na disseminação da gripe aviária tem sido intensamente debatido desde os surtos de 2005 no Lago Qinghai. Foi descoberto, mais tarde, que a gripe aviária que se espalhou por toda Ásia, Europa e África teve origem na região do lago. A descoberta da migração dos gansos da região para o Tibet revela um importante elo na cadeia de disseminação do vírus.

De 2003 a 2009, a região que compreende o planalto do Lago Qinghai teve 16 surtos confirmados do vírus da gripe aviária. A maioria deles no recém-descoberto caminho migratório dos gansos- índicos. “Todo o verão mais de 150000 aves migratórias param no Lago Qinghai que fica justamente dentro da principal rota de migração desses animais que se estende da Rússia à Índia”. Com isso o estudo revela que a região do lago é um dos pivôs para a transmissão da doença.

O estudo é parte de um programa global não só para se entender o movimento do H5N1 e outras doenças na Ásia Central mas também para compreender melhor os hábitos das aves migratórias e adotar melhores estratégias de copnservação. Financiaram a pesquisa A FAO, o USGS, a National Science Foundation e a Academia Chinesa de Ciências. Os resultados form publicados na revista PloS ONE.