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18/02/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:20am
Pesquisadores da Universidade da Califórnia relacionaram as grandes variações de porte dos animais à diversidade de seus habitats
A partir da combinação de dados genéticos e registros fósseis, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles conseguiram explicar porque tartarugas variam tanto de tamanho. A conclusão é o tamanho do corpo da tartaruga evoluiu para se adaptar aos diferentes habitats que elas frequentam. O estudo deve ser publicado no periódico científico Biology Letters e é o primeiro quadro evolucionário e quantitativo sobre o tamanho destes animais.
As tartarugas estão entre os vertebrados com maior número de espécies atualmente no planeta. Ao todo são 330, que vivem em ilhas, rios, viajando ao longo do oceano e até em desertos. A variedade de tamanhos acompanha a de habitats: existem desde espécies terrestres minúsculas, como a tartaruga Homopus signatus, de 80 g, até as gigantes marinhas, como a Dermochelys coriacea, de 500 kg. As tartarugas marinhas são as maiores de todas, com 1,4m, seguidas pelas tartarugas que vivem em ilhas, com 70 centímetros de comprimento. As tartarugas terrestres e de água doce são as menores, com aproximadamente 30 centímetros.
“Falando de maneira geral, nosso estudo sugere que o tamanho de determinada tartaruga é ecologicamente ‘melhor’ se ela for grande o suficiente para viver em ilhas ou no mar e menor para viver em água doce ou em terra firme”, disse ao iG Michael Alfaro, que liderou a pesquisa da UCLA.
No entanto, os pesquisadores não podem dizer ainda o que determinou esta variação de tamanho. De acordo com os pesquisadores, provavelmente são vários os fatores. “Não podemos dizer os motivos com certeza. Pode ter sido para evitar predadores, competir com outras tartarugas ou outros animais ou ele pode estar relacionado ao armazenamento de alimentos em tempos de escassez”, disse Alfaro.
As tartarugas gigantes encontradas em Galápagos e nas ilhas Seychelles são um exemplo clássico do "gigantismo ilha": as espécies insulares ao longo da evolução se tornaram muito maiores do suas contrapartidas que habitam continentes. De acordo com Alfaro, as ilhas por serem habitats isolados são consideradas como experimentos naturais em biologia evolutiva.
Entre as hipóteses para o gigantismo está a de que ilhas oceânicas estão sempre suscetíveis a períodos de adversidade, enquanto grande animais estão associados à capacidade de maiores períodos de jejum. “O gigantismo pode ter sido mantido para permitir seletivamente que tartarugas que vivem em ilhas pudessem sobreviver a períodos prolongados de falta de comida e água, ou para facilitar as viagens de longa distância entre locais de alimentação e procriação”, disse.
Em relação às tartarugas marinhas, de acordo com o estudo, o maior tamanho corporal também se torna vantajoso em águas frias, por reduzir perda de calor para o ambiente. No caso das tartarugas de água doce e terrestres que vivem em ecossistemas variados desde desertos até florestas tropicais e ainda convivem com outras espécies, a análise dos motivos para a variação de tamanho são ainda mais cheias de hipóteses.