Pedido

18/05/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:26am

A Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso) vai encaminhar ao Ministério da Agricultura pedido para revisão do status sanitário do Estado para área livre da febre aftosa sem vacinação.

Dono do maior rebanho do país, Mato Grosso não registra nenhum caso da doença há 14 anos. A vacinação custa em torno de R$ 50 milhões anuais aos produtores.

A entidade diz que a nova classificação permitiria, além da economia, o acesso a mercados mais rigorosos, nos quais a carne de gado vacinado é menos valorizada.

"A exemplo de Santa Catarina, que já conseguiu, e do Paraná, que já pediu, nós também nos colocamos na posição de pedir, uma vez que já estamos há 14 anos sem febre aftosa no Estado", afirma Rui Prado, presidente da Famato.

A opinião não é compartilhada pela APR (Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso), que enxerga riscos no fim da vacinação do rebanho.

Para a entidade, Mato Grosso não tem estrutura para fiscalizar adequadamente a fronteira com a Bolívia e as divisas com Rondônia, Amazonas e Pará.

"Essa discussão é prematura, pois Mato Grosso ainda é um Estado muito vulnerável. Qualquer descuido pode jogar por terra todo o trabalho que tivemos ao longos desses anos", afirma Paulo Resende, diretor-executivo da entidade.

Segundo ele, a situação de Santa Catarina é "muito diferente". "Ali você tem apenas um grande corredor de entrada e saída para fiscalizar. É muito mais viável do que fechar mil quilômetros de fronteiras de alto risco sanitário."

Entre os Estados que fazem divisa com Mato Grosso, apenas o Amazonas não é considerado como livre da febre aftosa com vacinação. No caso do Pará, esse status vale apenas para a região centro-sul do Estado.

Na Bolívia, o último caso de febre aftosa foi registrado em 2007 no Departamento (Estado) de Santa Cruz de la Sierra.

Para solicitar a avaliação do ministério, o Estado interessado deve estar há pelo menos cinco anos sem a doença.

Para a Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), o Estado está no "caminho certo" para seu reconhecimento, sem necessidade de pressão por parte das entidades.

"O fato de se pedir ou não o status não faz diferença. Esse reconhecimento virá para Mato Grosso de qualquer maneira, mas apenas com respaldo técnico, de análises laboratoriais e de histórico de ocorrências", diz o diretor Luciano Vacari.

Valney Corrêa, presidente do Instituto de Defesa Agropecuária, órgão ligado à Secretaria de Estado de Agricultura, afirma que o Estado conseguiria assumir as exigências do novo status "em curto prazo".