Pecuária Leiteira

13/04/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:27am

A cooperativa Batavo confirmou aposta no crescimento do mercado do leite ao anunciar investimento de R$ 60 milhões em uma unidade de beneficiamento (UBL), em Ponta Grossa, a 120 quilômetros de Curitiba. Apesar de os preços aquecidos apontarem para uma demanda em expansão, o setor produtivo está vulnerável frente o poder de barganha das grandes indústrias, avalia o gerente geral da cooperativa, Antonio Carlos Campos. “Resolvemos verticalizar a atividade novamente com a produção de semi-industrializados”, argumenta. A Batavo informa que estava afastada do setor industrial há 13 anos.

Esse afastamento teve início quando a Parmalat comprou 51% da Cooperativa Central de Laticínios do Paraná Ltda. (CCLPL), em 1997. As cooperativas Castrolanda, Batavo e Capal, que formaram a CCLPL em 1954, fecharam o negócio em busca de parceria para competir com os maiores grupos laticínios do país. Aos poucos, no entanto, os pecuaristas da região, considerada reduto de altas médias de produtividade leiteira, se afastariam do setor industrial. Abriram mão inclusive da marca da holandesinha, amplamente conhecida no Sul e no Sudeste do país, e que hoje aparece em produtos de outras regiões.

A Batávia, formada com a chegada da Parmalat à bacia leiteira dos imigrantes, teve sua estrutura de frigorífico e laticínios assumida pela Perdigão em 2001 e 2007, respectivamente. Era a conclusão de um ciclo, com a transferência total da estrutura para a empresa de origem catarinense, hoje Brasil Foods.

Pecuaristas que por muitos anos tiveram o leite industrializado “em casa”, passaram a depender das negociações de um pool de vendas, criado em 2001 e que ainda hoje comercializa a produção do trio Castrolanda, Batavo e Capal para as grandes indústrias – Batávia, Danone, Nestlé, Parmalat.

Apesar da reviravolta atual, as cooperativas não consideram que as decisões tomadas na década de 90 foram um mau negócio. Fato é que, corrigindo valores pelo IGP-M, pode-se dizer que a Parmalat pagou R$ 394 milhões por 51% da CCLPL e que vendeu essas mesmas ações à Perdigão por apenas R$ 164 milhões.

A UBL da Batavo reforça, no entanto, a avaliação de que a industrialização voltou a ser essencial para as cooperativas. Em agosto de 2008, menos de um ano depois de a Perdigão assumir totalmente a Batávia, a Castrolanda inaugurou sua unidade de beneficiamento de leite. Metade do volume recebido por essa UBL, que chega a 700 mil litros ao dia, passa por um processo de evaporação, perdendo até dois terços do volume, o que barateia o transporte e reduz a incidência de tributos. É o que o setor chama de semi-industrialização.

Um terço do leite recebido pela indústria da Castrolanda sai de regiões de outras cooperativas, como a Batavo, que agora terá sua própria UBL. Os dois projetos têm praticamente a mesma capacidade de recepção e industrialização. Como produz menos leite que a Castrolanda – numa diferença de 420 mil para 260 mil litros de leite ao dia –, a Batavo terá folga ainda maior para receber e industrializar leite de terceiros. Pode receber 2,7 vezes sua produção.

Juntas, as duas cooperativas poderão disputar com outras empresas participação no escoamento de 500 mil litros de leite de terceiros ao dia. O próximo passo, conforme os diretores das cooperativas, é a produção de industrializados como creme de leite, leite condensado, leite em pó, e a criação de marcas próprias. A UBL da Batavo, ainda a ser construída, vai influir no mercado a partir de 2011.