País precisa de gestão estratégica

29/04/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:56am

Publicado em O Popular em 29/04/2014

O mundo está pedindo que o Brasil eleve sua Produção de alimentos urgentemente para ajudar a garantir a Segurança alimentar, diante do crescimento da população e da renda, principalmente nos países emergentes. Mas, para conseguir aproveitar essa grande oportunidade que se desponta, o País precisa de um planejamento estratégico que contemple fatores como logística, infraestrutura, bons acordos comerciais e garantia de renda para o agricultor.

O alerta foi feito ontem pelo ex-ministro da Agricultura e atual coordenador do Centro de Agronegócios da FGV-GVAGRO, Roberto Rodrigues, durante o PIB Goiás 2014, evento que discutiu os rumos do setor e homenageou as dez prefeituras de maior Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e da agropecuária goiana em 2011.

Realizado pelo POPULAR, com correalização da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg), o PIB 2014 reuniu lideranças rurais, prefeitos municipais e várias autoridades no auditório da entidade. O evento também contou com as presenças do vice-presidente de Televisão do Grupo Jaime Câmara (GJC), Ronaldo Ferrante, e do vice-presidente de Rádio, Jornais e Internet do GJC, Maurício Duarte.

DEMANDA

Roberto Rodrigues lembrou que os grandes compradores do agronegócio hoje são os países em desenvolvimento, para onde as exportações brasileiras cresceram 528% entre 2002 e 2012, contra 150% nos países desenvolvidos. Com o crescimento estimado da população mundial para 9 bilhões de habitantes, o aumento da expectativa de vida e da renda nos países emergentes, as oportunidades para a agricultura se multiplicam.

Como quarto produtor nacional de grãos, Goiás pode ocupar lugar de destaque. O Estado elevou sua produção em 230%, enquanto a área cresceu 100% no período, graças ao aumento da produtividade. O ex-ministro lembrou que os municípios goianos estão entre os maiores produtores brasileiros de soja e milho e que o Valor Bruto da Produção de Goiás cresceu 157% nos últimos 10 anos.

Segundo Roberto Rodrigues, os estoques mundiais estão baixos em relação aos índices históricos. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que o Brasil terá de elevar sua Produção de alimentos em 40% até 2020 para atender o crescimento mundial da demanda por alimentos. "O Brasil é o País que mais terá condições de ampliar sua produção, com terras disponíveis, tecnologia tropical e disponibilidade de água". O País ainda tem a vantagem de possuir 42,4% de energia renovável, contra 13% no mundo.

Porém, as barreiras começam com o grande número de áreas ainda disponíveis, mas que não podem ser incorporadas à produção por causa da legislação. Além disso, há outros grandes desafios: a infraestrutura e logística; falta de garantia de renda para o produtor, com ausência de um crédito rural e seguro eficientes; ausência de uma política comercial, com acordos bilaterais e regionais; falta de investimento em tecnologia, com valorização de centros de pesquisa, defesa sanitária e fitossanitária; questões institucionais, como Código Florestal e tributação.

O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, lembrou que o grande gargalo atual para o aumento da produção agropecuária em Goiás é a falta ou o fornecimento deficitário de energia pela Celg. "Chegamos a uma situação insustentável. Não podemos mais esperar uma solução, o problema da energia se tornou muito urgente", alertou, se referindo aos prejuízos que os produtores têm tido com perda da produção na pecuária leiteira, lavouras irrigadas e criações de Aves e Suínos.

Maiores do PIB são homenageados

O evento PIB Goiás 2014 homenageou as prefeituras do Estado que estão entre as dez maiores do PIB no Estado e os dez municípios que tiveram o maior PIB da Agropecuária em 2011, de acordo com o último levantamento divulgado pela Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) e pelo IBGE.

O prefeito de Chapadão do Céu, que teve o quarto maior PIB Agropecuário em 2011, Rogério Graxa (PP), atribuiu o prêmio a todos os produtores rurais do município e às indústrias que acreditaram e se instalaram na região. "O prêmio quem recebe é a população de Chapadão do Céu, o agronegócio e a agroindústria local", destacou o dirigente.

O prefeito lembrou que o município é um dos maiores produtores de soja, milho de safrinha e etanol do Estado de Goiás, por conta da Usina Porto das Águas, do Grupo Cerradinho, mas lembra que Chapadão também produz muito algodão e feijão.

O prefeito de Cristalina, município com segundo maior valor adicionado da Agropecuária goiana, Luiz Carlos Attié (PSD), também disse que é preciso dividir esse mérito com os produtores, que investiram em novas tecnologias para aumento da produtividade. Isso aliado às características naturais de Cristalina, que tem 256 nascentes de rios, 52 mil hectares irrigados e 162 produtores irrigantes.

Ele lembra que, por várias vezes, o município ocupou o primeiro lugar no ranking nacional do PIB do agronegócio. "Isso é uma conspiração de fatores positivos, como o clima propício à 39 diferentes tipos de culturas na região, à abundância de água e ao esforço dos produtores, que sempre investem em novas técnicas de produção", explica o prefeito. Esse potencial também fez Cristalina atrair várias indústrias.

DESTAQUES

Rio Verde foi um dos grandes destaques do evento PIB Goiás 2014. O município foi o primeiro no PIB da Agropecuária e o quarto colocado no ranking geral do PIB entre os municípios goianos em 2011. Para Luiz Carlos Sabino, secretário de Infraestrutura de Rio Verde, esse bom resultado do município se deve mais ao bom trabalho dos produtores rurais da região, que têm investido constantemente em tecnologias para aumento da produtividade e da produção.

O município, segundo ele, tem como meta apoiar muito este setor em tudo que for preciso. O resultado é que Rio Verde, um dos maiores produtores brasileiros de soja e milho, alé de já ser um grande produtor de frangos e Suínos, hoje figura entre os maiores PIBs do Brasil no agronegócio.

O município de Jataí foi homenageado pela vice-liderança no PIB Agropecuário e pela oitava posição no PIB geral do Estado. Para Ricardo Assis Peres, presidente do Sindicato Rural de Jataí, um dos principais fatores que contribuem para a boa colocação estão as condições naturais do município, que tem uma boa topografia e um clima favorável à produção, com bom índice pluviométrico. Ele lembra que Jataí já figurou como maior produtor de milho do País.