otimismo

16/02/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:00am

Os produtores de leite do país podem retomar o otimismo para o ano de 2012. Pelo menos, é o que aconselha a Leite Brasil, entidade da classe, com sede em São Paulo. Segundo levantamento feito por ela, a produção vai crescer 4% e atingir 32,3 bilhões de litros, contra o modesto crescimento de 1%, em 2011, e seus 31 bilhões de litros de leite.

Jorge Rubez, presidente da entidade, aposta na recuperação da rentabilidade do produtor (perspectiva de pagamento de R$ 1 por litro) e na redução dos custos de produção para o setor retomar suas melhores médias, como a de 2008, quando o crescimento chegou aos saudosos 6%.

Conforme análise da Leite Brasil, o produtor enfrentou até o ano passado uma alta de 17% no preço pago pelo litro de leite (que ficou em torno de R$ 0,85), contra uma guinada de 20% nos custos de produção, causada principalmente pela alimentação do rebanho e por gastos fixos nas propriedades, como energia elétrica e combustíveis.

"Recomendo ao produtor dar prioridade à administração dos custos de produção, em especial com a alimentação e a mão de obra, que tem se tornado escassa nas propriedades leiteiras", diz.

A Leite Brasil também espera um aumento nas exportações, em 2012, chegando aos 362 milhões de litros, volume 15% superior ao registrado em 2011. Por outro lado, as importações tendem a recuar 30%, em comparação ao ano passado, a cerca de 888 milhões de litros. "Acho que o ano começou agitado com projeções de aumento de produção e movimentações de fusões no setor", avalia.

Porém, Jorge Rubez reconhece que certas pendências precisam ser resolvidas. Ele se refere ao leite em pó proveniente do Uruguai, que desembarcou no país na quantia de 3.500 toneladas, em dezembro de2011, e 6.200 toneladas, em janeiro de 2012. "No entanto, o Brasil mantém uma cota de importação apenas com a Argentina", esclarece o presidente da Leite Brasil.

Para José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), o governo federal precisa investigar a "concorrência predatória" da importação do leite uruguaio. "Outros países podem estar utilizando o Uruguai como escala para entrar no mercado brasileiro, aproveitando-se da tarifa zero no comércio dentro do Mercosul", declarou Pedrozo em nota divulgada ontem.

A polêmica causada por esse comércio deve provocar as convocações dos ministros Fernando Pimentel, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e Mendes Ribeiro, da Agricultura, na Subcomissão do Leite. Ela quer que ambos expliquem a razão dos aumentos na importação do produto no início de 2012. Segundo o relator Alceu Moreira (PMDB/RS), o Brasil bateu recorde de importação de leite em pó e derivados no mês de janeiro, em plena safra nacional.

"O governo tem que proteger o produtor nacional e depois os seus vizinhos", declarou em tom de crítica. De acordo com dados da Subcomissão, Argentina e Uruguai exportaram mais de 100milhões de litros de leite e derivados pra o Brasil somente em janeiro de 2012.(Colaboraram Tarso Veloso, de Brasília, e Vanessa Jurgenfeld, de Florianópolis)