Opinião
04/03/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:20am
O pesquisador Luiz Eduardo dos Santos, do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA) vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, participou em fevereiro de entrevista para o site do Instituto de Estudos Pecuários (IEPEC). O objetivo era discutir questões que envolvem a produção da carne de ovinos.
Os ovinos apresentam bom potencial para produção de carne de qualidade, mediante abate de cordeiros com características superiores de carcaça, diz Santos. “Na busca de carne de qualidade, todos os segmentos da cadeia produtiva, do produtor ao consumidor, são importantes, e o desconhecimento dos fatores que influem na qualidade dessa carne pode comprometer todo o sistema.”
O pesquisador argumenta ainda que o problema de gordura na carcaça é bastante relativo, ocorrendo com as raças específicas de corte. “Na raça Santa Inês, que é uma raça aqui do Brasil, esse problema dificilmente ocorre, pois é uma raça que demora para depositar gordura.”
No Brasil, o mercado de carnes valoriza carcaças novas, de animais abatidos novos. Hoje, diz o pesquisador, conseguimos abater um cordeiro com 30 kg, pois é realizado o abate precoce entre 100 e 150 dias. Nessas condições, normalmente, a camada de gordura é suficiente para formar uma cobertura de proteção e, assim, evitar a perda excessiva de umidade durante o resfriamento.
Apesar de o peso e a idade serem os fatores que determinam a qualidade da carcaça, Santos considera incoerente classificar a qualidade somente com base nesses fatores. A própria questão da raça utilizada deve ser considerada. Quando se trabalha com mestiços, normalmente é uma carcaça bem mais magra. Então, deve ser feito um trabalho de alimentação adequado para poder colocar um pouco de gordura nessa carcaça: “é essa gordura que dá a característica de maciez na carne e que mantém o sabor adequado”, afirma.
Também contribui para o bom desenvolvimento do animal o aspecto de alimentação do cordeiro na fase do desmame até a idade do abate, com alimentação adequada de volumosos como tipos de silagem e capim cortados que são oferecidos com suplementação de concentrado em torno de 3% do peso do cordeiro.
Também é importante para obter carcaça de boa qualidade os procedimentos pré-abate que ocorrem durante o transporte, explica o pesquisador do IZ. Quando o animal é transportado em condições adequadas, tem de passar por um jejum prévio antes do abate, possibilitando que ele chegue em boas condições no abatedouro, além de pensar no bem-estar do animal e no conforto para que ele possa descansar. Com todos esses cuidados, a maciez da carne será de boa qualidade. Santos enfatiza que é muito importante o cuidado com a higiene dos animais e das instalações.
Ele afirma, ainda, que normalmente os animais machos têm um ganho de peso maior em relação às fêmeas. O pesquisador ressalta que é possível aproveitar todo animal, pois além da carcaça existe o couro, a pele e as vísceras (coração, rim e fígado).
Ao finalizar a entrevista, Santos fala da questão mercadológica da ovinocultura que está em crescimento e tem grande potencial para ocupar este nicho de mercado.
Luiz Eduardo dos Santos é Engenheiro Agrônomo, atua na áreade produção de ovinos, manejo de pastagens, avaliação de carcaças na Unidade do Centro de Pesquisa em Nutrição Animal e Pastagem (IZ/APTA/SAA).
Confira a íntegra da entrevista do pesquisador Luiz Eduardo dos Santos no site da IEPEC.
http://www.iepec.com/noticia/avaliacao-de-carcacas-e-cortes-comerciais-de-ovinos