OMC

14/07/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:09am

O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio, afirmou que o Brasil poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a União Europeia (UE) sobre a cota Hilton e a lista Trace, que determinam, respectivamente, volume de cortes especiais que pode ser exportado e os frigoríficos e fazendas habilitados a exportar para o bloco.

Segundo ele, as negociações ainda estão no âmbito das conversas entre o Ministério da Agricultura, Itamaraty e as autoridades da região. "Mas se a gente ainda sentir intransigência por parte deles, por conta de uma pressão interna do setor para não flexibilizar a relação com os mercados, queremos a realização de um painel ainda este ano", disse o executivo, em conversa com jornalistas realizada na sede da entidade, na capital paulista.

Na relação comercial entre o País e o bloco europeu, foi determinado que as autoridades sanitárias brasileiras fizessem uma auditoria e autorizassem as unidades habilitadas a fazerem parte da lista Trace para venderem à região. O que está acontecendo atualmente é que as unidades sugeridas para serem inseridas na lista passam pelo crivo das autoridades sanitárias da UE.

"Com isso, tivemos casos de propriedades que demoraram mais de quatro meses para serem habilitados. Tem que se cumprir o que foi acordado no começo", explicou Sampaio. Já no caso da Hilton, o Brasil tem direito a uma cota de 10 mil toneladas de carne bovina para vender à UE a tarifas especiais. "Estamos cumprindo menos de 4% desse total, já que a região está impondo uma série de condições à carne brasileira", declarou o diretor.

Segundo ele, a UE pede que a carne a ser vendida tem que ser de animais que foram alimentados exclusivamente de pasto, além de ser rastreada desde a desmama. "Para os Estados Unidos, por exemplo, a carne pode ser originada de animais de confinamento e para a Austrália, o rastreamento não precisa ser desde a desmama. Não se pode ter variações de regras para determinados países dentro de um mesmo sistema de cota e queremos igualdade de condições", ressaltou Sampaio.

A Abiec está na finalização de um mapeamento do processo de logística da exportação brasileira de carne bovina. "Estamos vendo quais processos que são praticamente manuais podem ser informatizados para eliminar a burocracia das vendas externas do produto", afirmou o diretor executivo da Abiec.

Segundo ele, com o projeto as economias podem chegar à eliminação de 15 horas de espera da carne nos portos brasileiros. O executivo não afirmou se a iniciativa da entidade tem a ver com o pedido da presidente Dilma Rousseff de desburocratizar o agronegócio, mas o projeto está em linha com a solicitação feita pela presidente.