No Dia da Medicina Veterinária Militar, conheça o trabalho dos médicos veterinários do Exército Brasileiro

17/06/2016 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

Por Roberta Machado

O médico veterinário militar é um profissional polivalente. Ele se encarrega de garantir a biossegurança dos quarteis e das operações, atua no controle das zoonoses e na preservação ambiental. Também zela pela saúde e bem-estar dos animais que participam das missões militares e pelo controle de qualidade da água e dos alimentos consumidos pelas tropas.

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) parabeniza os profissionais pelo Dia da Medicina Veterinária Militar, comemorado em 17 de junho.

O Exército Brasileiro conta com o reforço de cães, treinados para guarda e para a detecção de explosivos e agentes biológicos e químicos. E por isso faz-se necessária a presença do médico veterinário; profissional que também é responsável pelo manejo, reprodução e atendimento clínico-cirúrgico de equinos.

A atuação dos médicos veterinários militares na inspeção de alimentos também é essencial. O trabalho tem início na orientação para a aquisição de produtos de boa qualidade, inclui o desenvolvimento de técnicas de preservação de perecíveis e se estende até a instrução dos soldados responsáveis pela manipulação dos alimentos.

Os médicos veterinários militares brasileiros  também integram diversas missões da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo mundo e, graças a esses profissionais, as tropas brasileiras atuam em vantagem na luta contra zoonoses como a malária, a raiva e a leishmaniose.

Em comemoração ao Dia da Medicina Veterinária Militar, o CFMV conta um pouco sobre o trabalho de médicos veterinários que desempenham diferentes funções no  Exército Brasileiro:
 

1º Tenente Camila Tochetto – Zoológico do Centro de Instrução Guerra na Selva (CIGS)

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Foto: Arquivo pessoal

Camila se formou em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), e fez doutorado na área de Patologia Veterinária na mesma instituição. O primeiro contato com o meio militar ocorreu, no ano passado, quando passou no concurso para a Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx). 

“Ingressei pela vontade de conhecer e de realizar diferentes atividades, tanto relacionadas estritamente à formação militar básica, quanto à área específica de veterinária”, conta Camila.

Ela tem a sorte de compor a equipe de médicos veterinários do único zoológico militar do mundo, o zoológico do Centro de Instrução Guerra na Selva (CIGS). Além do cuidado com os cerca de 200 animais da instituição, eles também são responsáveis por trabalhar com ações de educação ambiental,  pesquisa científica e  treinamento de soldados.

"O Exército me proporcionou uma oportunidade única atuando como veterinária de animais selvagens em uma região tão rica em biodiversidade como a Amazônia", conta.

2º Tenente Luciana Quadrado Mendes -integrante do 23º Contingente Brasileiro no Haiti

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Foto: Arquivo pessoal

Filha de médico veterinário, Luciana  tinha, desde criança, o hábito de andar a cavalo e ajudar no cuidado dos animais da fazenda da família. “Na época do vestibular, não tive dúvidas”, resume a gaúcha, que se formou em Medicina Veterinária na Universidade Federal de Pelotas (RS). Por algum tempo ela atuou com reprodução de bovinos e equinos, até que ingressou no Exército como Oficial Técnico Temporária.

A maior mudança de carreira ocorreria somente depois, quando foi chamada para compor o 23º Contingente Brasileiro no Haiti. Luciana é responsável por providenciar coletas de análises da água, pelo controle do lixo produzido na base, pelo controle de vetores transmissores de doenças e pela fiscalização dos alimentos consumidos pela tropa brasileira.

Assumir a responsabilidade de atuar numa área onde não tinha experiência foi um desafio.  “Participar de uma missão real é o sonho de qualquer militar. Como veterinária, desempenho um papel diferente do que já fiz, mas de extrema importância para a tropa”, testemunha a tenente, que retorna para o Brasil no final do mês. “Sinto-me realizada”, conta.

 

2º Tenente Renan Fiel de Souza – 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (1° RCG)

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Foto: Arquivo Pessoal

Quando se formou em Medicina Veterinária, Renan queria trabalhar com pequenos animais. Por isso, tratou se buscar especialização na área de anestesiologia. No entanto, durante a residência na Universidade de Brasília (UNB), mudou de planos.

Hoje, ele é um dos seis médicos veterinários responsáveis pelos cerca de 430 cavalos do 1° Regimento de Cavalaria de Guardas. O atendimento clínico é um trabalho diário. Também estão entre as atribuições dos médicos veterinários da cavalaria a supervisão do casqueamento e ferrageamento, a correção nutricional da dieta dos animais e o cuidado preventivo dos cavalos, que inclui vermifugação e vacinação.

“Além de oferecer a oportunidade de trabalhar com animais e de fazer o que gosta, esta profissão também tem emoção constante. É sempre muito dinâmico, sempre há muitas coisas novas. Esse é um ponto positivo, que não consigo encontrar em nenhum outro lugar ”, conta.

Major Alexandre de Paula, chefe da Seção de Cães de Guerra do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEB)

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Foto: Arquivo Pessoal

A criação, o atendimento clínico e o treinamento de cães militares fazem parte da rotina de Alexandre de Paula há quase 20 anos. Hoje ele é o chefe da Seção de Cães de Guerra do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEP), o maior canil militar do país.

O Major de Paula passa hoje grande parte do tempo no treinamento de animais de alto rendimento. É sob o seu comando que os cães militares aprendem o trabalho de segurança e proteção e a farejar explosivos e drogas. Depois que estão prontos, são enviados para serviço em cidades de todo o país.

“Eu vi um outro mundo, o mundo dos cães de serviço. Fui entendendo isso, e vi que era completamente diferente do que vi na faculdade. É um trabalho em que passamos o dia todo com o cachorro, e ele vira um grande parceiro, mais do que os companheiros humanos. É uma coisa que apaixona”, descreve.

Como ingressar

O médico veterinário interessado em atuar no Exército Brasileiro pode ingressar na instituição via concurso público, ou por meio de uma seleção regional que escolhe oficiais contratados em caráter temporário. O concurso para oficiais de carreira é organizado anualmente pela Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCex).

História

No século XIX, o responsável por cuidar das doenças que acometiam os animais do exército no Brasil era designado “artista veterinário”. A profissionalização da atividade militar só ocorreria com a fundação da antiga Escola de Veterinária do Exército, fruto das pesquisas realizadas por João Muniz Barreto de Aragão, que atuava no Laboratório de Microscopia Clínica e Bacteriologia (atual Instituto de Biologia do Exército, ou IBEx). Aragão tinha como objetivo pesquisar e combater as doenças que acometiam os animais e que também eram transmitidas aos militares, como o mormo, a malária e a febre aftosa.

A escola de veterinária do Exército foi criada em 1910. A partir de então o trabalho do médico veterinário militar foi reconhecido.

Assessoria de Comunicação do CFMV