Necessidade

28/10/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:04am

José Graziano da Silva, futuro diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), disse que a necessidade de aumentar a produção agrícola para alimentar a crescente população mundial pressionará a busca por recursos naturais, principalmente pela água. Graziano assume o posto no primeiro semestre de 2012.

"A água se tornou o maior entrave à expansão da produção [de comida], especialmente em algumas áreas como a região andina, na América do Sul, e os países da África Subsaariana", afirmou Graziano, que atualmente é diretor da FAO para a América Latina e foi ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável pela implementação do Programa Fome Zero.

Segundo Graziano, apesar da pressão sobre os recursos naturais, é possível pôr fim à fome no mundo por meio de quatro ações principais: a aplicação de tecnologias modernas na lavoura (muitas já disponíveis), a criação de uma rede de proteção social para populações mais vulneráveis, a recuperação de produtos locais e mudanças nos padrões de consumo em países ricos. "Se pudéssemos mudar o padrão de consumo em países desenvolvidos, haveria comida para todos", disse. De acordo com o brasileiro, enquanto a comida é mal aproveitada em nações ricas, cerca de um bilhão de pessoas passam fome em países emergentes.

Graziano ressaltou ainda que programas de transferência de renda, como o Bolsa Família no Brasil, atendem cerca de 120 milhões de pessoas na América Latina, ajudando a combater os índices de fome na região. Para ele, o ideal é ampliar essas ações para outros países afetados pela falta de alimentos, especialmente na África.

O futuro diretor-geral da FAO disse também que o estímulo à produção de alimentos tradicionais ajuda a diversificar a fonte de alimentos. "Hoje caminhamos para ter poucos produtos responsáveis pela alimentação de quase 7 bilhões de pessoas. Precisamos diversificar essa fonte, criar maior variabilidade”, defendeu.