Museus de Anatomia Animal despertam nos visitantes o interesse pela Medicina Veterinária
15/12/2015 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:50am
O ano era 1959 e os moradores de São Paulo estavam animados com a inauguração do Zoológico da cidade. Um dos animais mais assediados era um rinoceronte, fêmea, que foi batizada curiosamente de Cacareco. A política, no entanto, não despertava o mesmo entusiasmo e a população estava insatisfeita com os candidatos à Câmara de Vereadores. “A qualidade dos políticos era tão sofrível que o jornalista Itaboraí Martins lançou o anticandidato: tereco teco, por tereco teco, melhor votar no Cacareco”, conta o professor Enrico Lippi Ortolani, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP).
Foto: Arquivo Zoo/SP
E a ideia pegou. Na época, as pessoas escreviam o nome do candidato em um papel e depositavam na urna. Cacareco obteve mais de 100 mil votos. Só não tomou posse por razões óbvias, dizem que até sofreu pressões políticas e acabou sendo transferido para o Rio de Janeiro, onde morreu.
O esqueleto do famoso rinoceronte faz parte do acervo de mais de 1.200 peças do Museu de Anatomia Veterinária da USP, desde 1984. Elas foram preparadas, estudadas e preservadas por professores, servidores e alunos da Universidade ao longo dos anos. O espaço é hoje um dos mais importantes do país e recebeu uma média de mais de 7 mil e 600 pessoas nos últimos anos. Os grupos escolares correspondem a cerca de 80% do total de visitantes, a maioria deles está cursando o ensino médio, às vésperas de escolher uma profissão.
Foto: Maurício Cândido da Silva
Presentes em várias regiões do país, os Museus de Anatomia da Universidades contribuem para o desenvolvimento de atividades de pesquisa, ensino e extensão nas áreas de morfologia e anatomia animal, além de despertar nos visitantes o interesse pela Medicina Veterinária e ampliar o conhecimento sobre a profissão.
“Muitos dos nossos alunos da Medicina Veterinária contam que decidiram seguir a profissão depois de visitar, quando criança ou adolescente, o Museu de Anatomia da USP”, conta Ortolani.
Troca de conhecimento
O Museu de Anatomia Veterinária da USP recebe grupos escolares, terceira idade e também as visitas espontâneas. Os visitantes podem ver peças como coração de baleia conservado em glicerina, aves taxidemizadas, esqueletos de animais da savana africana, felinos, caninos, primatas, esqueleto de elefante, entre outros.
Foto: Ronaldo Aguiar
Alguns alunos da Medicina Veterinária são responsáveis por orientar as visitas. Felipe Santo Vito, 26 anos, está no segundo ano do curso e considera que a monitoria complementa o seu aprendizado.
“Faço parte de um projeto de extensão e decidi fazer a monitoria para ter um contato maior, principalmente com anatomia. Aqui encontramos peças que que não existem em outros lugares”, diz.
Felipe também conta que, na véspera do último vestibular, o Museu recebeu estudantes que foram para o local relaxar e buscar alguma inspiração para a prova.
Foto: Ronaldo Aguiar
Além disso, o contato dos visitantes com as peças do museu e as explicações dos monitores servem para apresentar as diferentes áreas de atuação do médico veterinário. Caroline Gonçalves, 24 anos, foi monitora por quase um ano e meio e agora está prestes a se formar.
“A gente acaba quebrando alguns mitos sobre a profissão, muitas pessoas acham que a Medicina Veterinária se restringe à clínica de cães e gatos mas explicamos que o ovo e o leite que eles comem em casa também passaram por um médico veterinário”, explica a futura médica veterinária.
Os interessados podem acessar o site do Museu de Anatomia Veterinária da USP e ter informações sobre horários e dias das visitas.
Assessoria de Comunicação do CFMV