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08/10/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:25am

Em relatório divulgado nesta quarta-feira (6), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) afirma que há 22 países do mundo em “crise prolongada”, que apresentam altos índices de fome. Estes países já enfrentam uma crise alimentar há mais de dez anos.

Na última sexta-feira, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, havia manifestado a preocupação da entidade com o risco de aumento da fome do mundo, devido à elevação dos preços agrícolas. “Em muitos países em desenvolvimento, a crise alimentar de 2008 nunca se dissipou”, disse Zoellick.

Nos últimos meses, os preços do trigo registraram forte alta no mercado internacional, devido principalmente aos efeitos da seca na safra da Rússia. A elevação do cereal pressionou também os preços do milho e das proteínas animais. No período julho a setembro, segundo dados da FAO, os preços do trigo subiram entre 60% e 80%, enquanto o milho teve aumento de 40%.

Para os economistas da FAO, é preciso encontrar soluções rápidas para conter a oscilação dos preços dos produtos agropecuários e evitar uma crise alimentar no mundo. Segundo a FAO, além da quebra na safra de trigo, “manobras especulativas” estariam também contribuindo para a elevação dos preços, devido à “financeirização” dos mercados futuros.

Na avaliação de Helder Muteia, representante da FAO no Brasil, o mundo produz hoje um volume de alimentos capaz de atender toda a população do Planeta. “O problema está na distribuição”, diz Muteia. Segundo ele, 98% das pessoas que passam fome estão em países subdesenvolvidos.

Na próxima semana, Helder Muteia vai participar do II Fórum Inovação – Agricultura e Alimentos, que a FAO, a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal) promovem em São Paulo. O evento, que acontece durante a Semana da Alimentação, tem por objetivo discutir soluções tecnológicas para erradicar a fome no mundo.