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30/01/2013 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:05am

O Brasil enviou uma missão ao Irã, um dos principais compradores de carne brasileira, para tranquilizar autoridades e empresários locais acerca da recente descoberta do agente causador do mal da vaca louca em um animal morto em 2010 no Paraná.
Fontes dos dois países afirmaram que a visita, encerrada anteontem, dissipou as maiores preocupações de Teerã, que ameaçava barrar a carne brasileira.

Durante três dias, a comitiva expôs as regras sanitárias brasileiras às altas autoridades do Ministério da Jihad Agrícola do Irã. A delegação também insistiu em lembrar a decisão da OIE (Organização Mundial de saúde animal) de manter a classificação do Brasil como de risco insignificante para a doença.

"A intenção era reforçar pessoalmente as garantias internacionais de ratificação", disse à Folha Antonio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, integrante da comitiva.

A delegação teve também dois representantes do Ministério da Agricultura: o diretor de saúde animal, Guilherme Marques, e de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias, Lino Colsera.

Um importador iraniano que não quis ter o nome revelado disse que a visita foi crucial para dar seguimento às compras. "Há muita demanda. Eu importo carne brasileira e revendo tanto para supermercados e restaurantes quanto para órgãos de governo, Exército e universidades."

Apesar do compromisso em dar seguimento às importações do Brasil, o Irã manteve o veto à carne do Paraná. Especula-se que as compras paranaenses serão retomadas depois da próxima reunião da OIE, em fevereiro, na qual deve ser reiterada a atual classificação brasileira.

Entretanto, os dois lados admitem que o acirramento das sanções financeiras impostas pelas potências ocidentais ao Irã em represália ao seu programa nuclear dificulta uma retomada do volume aos níveis recordes registrados até 2011.
Naquele ano, o Brasil exportou 130 mil toneladas ao Irã, segundo a Abiec. Em 2012, só 68 mil toneladas.

A queda sucedeu punições adotadas no primeiro semestre de 2012, que baniram o Irã do sistema financeiro mundial e aumentaram a pressão ocidental contra empresas ligadas ao mercado iraniano.

Também há relatos de que o Irã teria ordenado aos importadores diminuir as compras do Brasil em represália ao esfriamento na relação bilateral sob o governo de Dilma Rousseff. Empresários dos dois países negaram interferência política.
A exportação de carne ao Irã responde por 15% da corrente comercial bilateral (US$ 2,18 bilhões em 2012), dominada com folga pelas exportações brasileiras.

Em outubro do ano passado, o superavit com o Irã respondeu por 22% do superavit total do Brasil.
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QUEM EMBARGOU A CARNE DO BRASIL
África do Sul – Suspendeu as importações de todo o Brasil
Arábia Saudita – Um dos principais destinos da carne do país, proibiu todas as importações
Belarus – Suspendeu importações de todo o Brasil
Chile – Proibiu apenas a farinha de carne e de osso
China – Suspendeu as importações de todo o país
Coreia do Sul – Proibiu todas as importações da carne brasileira
Japão – Suspendeu importações de todo o Brasil
Jordânia – Suspendeu compras apenas das carnes provenientes do Estado do Paraná
Líbano – Proibiu importações apenas das carnes provenientes do Estado do Paraná
Peru – Suspendeu importações de todo o Brasil por 90 dias
Qatar – Suspendeu importações de todo o país
Taiwan – Proibiu compras de carnes de todo o país