Médicos veterinários e zootecnistas discutem gestão de fauna invasora em fórum do Sistema CFMV/CRMVs

08/11/2017 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:43am

Por Roberta Machado

Com o objetivo de debater o desafio da gestão da fauna invasora no Brasil, médicos veterinários e zootecnistas se reúnem nesta semana no II Fórum das Comissões Nacional e Regionais de Animais Selvagens do Sistema CFMV/CRMVs. O evento, iniciado nesta segunda-feira (6/11) na sede do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), em Brasília (DF), atraiu profissionais de 11 estados, que discutiram casos em que a introdução de espécies exóticas no território brasileiro representa uma ameaça ao meio-ambiente e à saúde pública.

O Presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda, ressaltou na abertura do evento a importância dos médicos veterinários e zootecnistas para a preservação do equilíbrio ambiental. “Temos a consciência de que os animais selvagens têm uma importância extremamente fundamental para a existência de todas as espécies animais e vegetais, e existe a necessidade de os médicos veterinários e zootecnistas manterem esse equilíbrio, não só no que diz respeito ao bem-estar animal, mas também à ecologia e à prevenção de doenças”, ressaltou Arruda.

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                II Fórum das Comissões Nacional e Regionais de Animais Selvagens do Sistema CFMV/CRMVs. Foto: Ascom/CFMV

Espécies invasoras representam um grave problema ambiental, social e econômico em diferentes regiões do mundo. São animais retirados de suas regiões naturais e introduzidos em outras regiões acidentalmente, por meio do tráfico internacional de animais silvestres, ou devido à falta de controle sobre iniciativas de criação com fins comerciais. Mudanças causadas pelo crescimento urbano, como o desmatamento, também levam a esse desequilíbrio, forçando populações para fora de suas áreas de origem e abrindo espaço para espécies exóticas.

Esses animais competem com as populações nativas, tornam-se predadores perigosos e disseminam doenças. “Essas espécies invasoras afetam diretamente a biodiversidade e a saúde humana. Esse processo vem desde a colonização, com o transporte de roedores, por exemplo, e continua até hoje”, alerta Carlos Eduardo do Prado Saad, zootecnista e presidente da Comissão Nacional de Animais Selvagens do CFMV (CNAS). Saad aponta que projeções estimam um prejuízo econômico de até US$ 1,4 trilhão causado pelas espécies invasoras, o equivalente a 5% da economia mundial.

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                Carlos Eduardo do Prado Saad, Presidente da CNAS. Foto: Ascom/CFMV

Alguns exemplos dessas espécies no Brasil são o búfalo d’água e o javali, que foram inicialmente trazidos ao país para produção, mas se tornaram asselvajados, representando hoje uma séria ameaça ao meio-ambiente e à segurança da população. Métodos de controle dessas espécies, como a caça, são atualmente objeto de debate entre profissionais de diversas áreas e representantes do governo. “O controle está ligado com doenças, produção e meio-ambiente. O objetivo é mitigar os impactos negativos”, resumiu Valéria Natascha Teixeira, integrante da CNAS, que participa da elaboração do Plano Javali, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

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                Valéria Natascha Teixeira, integrante da CNAS. Foto: Ascom/CFMV

Teixeira falou aos participantes do evento sobre os esforços multidisciplinares tomados no país para o combate à proliferação dessa que é considerada uma das piores espécies invasoras do mundo, e mencionou os obstáculos ambientais, legislativos e técnicos para a adoção de medidas mais eficientes para o controle do javali no Brasil. “Não pensamos em extinguir o javali do nosso território, mas em evitar que os problemas causados por eles sejam maiores”, ressaltou a médica veterinária.

 

Gestão

Os participantes do fórum também tiveram a oportunidade de falar não somente sobre o controle de espécies invasoras, mas também a respeito de outras questões relativas aos animais selvagens que têm sido contempladas pelos planos de ação dos conselhos regionais. Os representantes do CFMV e dos CRMVs partilharam com os colegas as experiências positivas de cada CRMV em busca do aprimoramento profissional e as iniciativas realizadas junto ao governo e à população, além dos desafios enfrentados em cada região.

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                Isaac Albuquerque, integrante da CNAS e presidente da CRASMA/CRMV-AL. Foto: Ascom/CFMV

“Nós procuramos promover e estarmos inseridos nas ações que já são cumpridas no estado, contribuindo e tentando estar mais próximos da realidade estadual sobre as questões relacionadas à temática de animais selvagens e do meio ambiente”, contou Issac Albuquerque, integrante da CNAS e presidente da Comissão Regional de Animais Silvestres e Meio Ambiente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do estado de Alagoas (CRMV-AL).

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                Débora Rochelly, integrante da CNAS. Foto: Ascom/CFMV

Entre os focos da CNAS/CFMV na última gestão estão a realização de ações educativas, a valorização e o aprimoramento dos responsáveis técnicos, e a adesão dos Conselhos Regionais ao trabalho estratégico na área de animais selvagens. “O objetivo do CFMV é expandir a Comissão de Animais Selvagens dentro dos outros estados. Percebemos que houve um aumento do número de comissões regionais, e isso é muito importante. O nosso objetivo é ter representatividade em todos os estados”, ressaltou Débora Rochelly Alves Ferreira, integrante da CNAS.

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Assessoria de Comunicação do CFMV