Marfrig

29/05/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

Depois de reforçar a estrutura de abate – com a realização de arrendamentos e reabertura de unidades -, Marfrig e JBS estão dando início a outro capítulo importante na estratégia do negócio de bovinos: garantir matériaprima.

Para isso, as duas companhias realizaram movimentações similares desde a última semana, com a contratação de executivos para fortalecer o elo com fornecedores.

Ontem, a Marfrig, comandada por Marcos Molina, anunciou a contratação de José Sampaio, ex-secretário da Agricultura do estado de São Paulo, como vice-presidente de relações institucionais. Segundo Molina, a escolha foi feita pela proximidade de Sampaio com os produtores.

"Ele tem acompanhado bastante o agronegócio como secretário [da Agricultura] e como produtor, o setor o ouve muito". Também ontem a empresa anunciou a reativação de três unidades.

Para Sampaio, a relação entre pecuaristas e frigoríficos deve ir além da queda-de-braço por preço. "O fornecedor liga e pergunta quanto cada empresa paga pelo gado. Pode ser mais do que isso". A histórica relação pode ser mudada, acredita a companhia. Trata-se de trocar mais informações sobre tendências de mercado e tornar o diálogo mais transparente.

Transparência, inclusive, é fundamental, num momento de concentração dessa indústria, reforçam. "Se sabemos que um cliente em outro país procura determinado tipo de carne, podemos trocar informações com produtores, para que alcancem aquele nível de exigência. Conseguimos melhores preços com o comprador final e o pecuarista recebe com prêmio", diz Sampaio. Um exemplo prático é a disseminação de programas de melhoramento genético de raças bovinas como a Angus e a Nelore, nos quais a companhia garante a compra dos animais e paga prêmios. No caso da raça Angus, é de 10%.

Assim como a Marfrig, a JBS anunciou a criação da diretoria de relações com o pecuarista, com objetivos similares. O Zootecnista Eduardo Pedroso e o engenheiro Fábio Maia estarão à frente da divisão. "É uma tentativa de abastecer o monstro da indústria frigorífica pensando também no longo prazo", diz Alex Silva, analista da Scot Consultoria.

Hoje a oferta de gado é crescente no Brasil. "Mas é preciso garantir oferta na época de baixa", diz Silva.