LEISHMANIOSE

27/11/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:10am

Com sete casos da doença em cães da quadra, moradora da QL 20 se mobiliza para alertar a vizinhança e coibir a zoonose na região.

Por onde passa, a professora de arquitetura Beatriz de Abreu e Lima distribui panfletos para alertar as pessoas sobre os perigos da Leishmaniose. Entre as informações, consta que na quadra dela, a QL 20 do Lago Sul, pelo menos sete cães morreram por causa da doença. No Distrito Federal, até o fim de outubro, 406 cachorros foram diagnosticados com o parasita. Dos 26 casos humanos identificados, um foi na região em que Beatriz mora.
A preocupação veio no começo do mês, quando ela soube que um cão de uma vizinha tinha sido sacrificado em decorrência da doença. "Quando ela me falou, eu me assustei. Um caso? Escrevi o folheto e percorri as ruas vizinhas, falando com as pessoas. Aí, me informavam de episódios em outros lares. Fui entrando em contato, deixei folhetos em todas as caixas de correio", lembra. Beatriz falou com todos os donos de animais e descobriu que pelo menos sete haviam sido infectados.
A professora notou que muitos moradores não tomam medidas de prevenção contra a Leishmaniose, tornando os cães e as pessoas alvos potenciais para o vetor da doença, o mosquito-palha, cujo nome científico é Lutzomyia longipalpis. "O que mais me surpreendeu não foi o número de casos. Diante do que eu já tinha visto divulgado a respeito da Leishmaniose, fiquei impressionada com o estado de desconhecimento das pessoas sobre como agir. Coisas básicas, como vacinar os cães. Em um bairro de poder aquisitivo tão
alto, achei que todos os cães seriam vacinados", destaca.
O aumento dos episódios de Leishmaniose na vizinhança foi percebido pela veterinária Keila Coelho, que atende em uma clínica no Lago Sul. "Este ano recebemos muitos casos. Começamos a ver até mesmo em filhotes. Aqui, há muitos cães de grande porte, como labradores, que ficam mais em quintal. O grande erro das pessoas é achar que os menores, que ficam em casa ou apartamento, não são suscetíveis à doença", explica.
O Lago Sul não é uma região endêmica da Leishmaniose, mas a prevenção é recomendada por estar próximo ao Lago Paranoá. O acúmulo de matéria orgânica úmida forma o ambiente ideal para a reprodução do vetor. "É preciso evitar ser picado pelo mosquito. Lixo e folhas velhas ficam molhados próximo a lagos, riachos e na sombra. Podem criar o ambiente propício para a reprodução do mosquito", explica o Chefe do Núcleo de Controle de Endemias da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria de Saúde, Dalcy Albuquerque Filho.

De acordo com Albuquerque, o que atrai o mosquito são os animais, e não só os cães. "O cachorro é complicado porque ele é um reservatório da doença. Mas se a pessoa tem galinheiro em casa, o mosquito pode voar até o quintal para picar as Aves e acaba picando o humano ou o cão", alerta. "Acho que isso tem a ver com esse limite abstrato do lote, as pessoas não entendem que as casas são interligadas com tudo e com todos. Somos uma comunidade", defende Beatriz.

Previna-se

A Leishmaniose mata mais de 400 animais por ano no DF, mas também afeta os humanos. A prevenção é recomendada para donos de cães e também para quem não tem bichos em casa. Veja algumas dicas fundamentais.

» Podar as árvores evita o excesso de sombreamento, que favorece a procriação do mosquito

» O mosquito se reproduz na matéria orgânica, então, é importante recolher folhas, frutos e adubo do jardim, além de não permitir o acúmulo de lixo no quintal

» O abrigo do animal deve estar sempre limpo, ensolarado e ventilado, sem umidade

» Os cães devem usar coleiras repelentes, e a vacina contra a doença é recomendada

» Caso o bicho de estimação apresente secreção amarelada nos olhos e comece a perder pelos, um Veterinário deve ser consultado

» Não transfira ou adquira cachorros em unidades da Federação em que a Leishmaniose é endêmica (CE, BA, MA, MG, MS e TO).