Internet

09/07/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:26am

Que a Internet é uma ferramenta praticamente indispensável nos dias atuais, ninguém ousa duvidar. Entretanto, uma das plataformas disponibilizadas pela conectividade que tem sido bem explorada por algumas organizações não-governamentais (ONGs) de Bauru é a criação de uma rede de pessoas interessadas em atuar na proteção e defesa de animais. Por outro lado, esta mesma Internet pode servir como vilã para os bichinhos ao ser utilizada como um “mercado paralelo”.

Atualmente, entidades que trabalham nas áreas de proteção e defesa de animais costumam fazer uso de uma longa lista de e-mails que divulgam desde interesse em doar ou adotar um gato até políticas públicas referentes ao bem-estar de animais que são votadas nas diversas esferas governamentais.

Esta interatividade entre diversos interessados na regulamentação sobre os tratamentos dispensados a todos os seres vivos também pode criar um “fórum” de discussões e debates acerca de problemas e soluções ligados ao mundo animal.

De acordo com a bióloga e presidente da ONG bauruense Naturae Vitae, Fátima Schroeder, sua lista particular conta com cerca de 500 e-mails e constantemente opera em favor de animais carentes.

“A lista tem pessoas de Bauru, de outras cidades da região, outros Estados e até do exterior, somando mais de 500 endereços. Recebo diariamente e-mails pedindo ajuda, informações, procurando animais perdidos, relatando cães e gatos encontrados, pessoas que desejam doar ou adotar. Eu acho imprescindível e muito importante a Internet”, avalia Fátima.

Adoção

Para exemplificar a abrangência da Internet, ela lembrou do caso de uma gata paraplégica. “Uma protetora de Carapicuíba resgatou uma gatinha paraplégica e pediu ajuda para doá-la. Um casal de amigos de Bauru aceitou adotar. Com isso, a protetora veio até Bauru com a gata para fazer a doação e trouxe um enxoval completo para ela”, destaca, emocionada, a presidente da Naturae Vitae.

Apesar de confirmar a importância da Internet para as entidades de proteção aos animais, Beatriz Schuler, presidente da ONG Vida Digna, afirmou considerar que a ferramenta ainda proporciona alguns riscos para os bichos. Ela disse que as páginas da web e os endereços de e-mail podem funcionar como um “mercado paralelo” de animais, o que dificulta a fiscalização e pode oferecer mais riscos.

“Temos que ter certos cuidados porque a Internet pode favorecer o bem e o mal. A ferramenta também pode servir como um modo de exploração dos animais. Por exemplo, existem pessoas que reproduzem cães sem seguir uma regulamentação que visa proteger os bichos. Além disso, esta facilidade em comercializar pode estimular o furto de cães e gatos para uma possível venda”, ressalta Beatriz.

Nacional

Outra possibilidade de aplicação da Internet é a divulgação de políticas públicas que são discutidas nas esferas municipal, estadual e até nacional. Um caso recente que tem mobilizado considerável porcentagem de internautas tem relação com o projeto de lei de autoria do deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP). O deputado apresentou para votação o Código Federal de Bem-Estar Animal, considerado um forte instrumento legal de defesa animal.

Para agilizar a votação deste projeto, Tripoli conseguiu instaurar a criação de uma Comissão Especial para analisar e aprovar, ou não, esta nova lei. Entretanto, a comissão foi criada mas não teve seus membros constituídos pelos líderes partidários.

Com isso, um abaixo-assinado virtual foi criado (http://www.leideprotecao animal.com.br) para tentar angariar 500 mil nomes e assim forçar a formalização da Comissão Especial para votar o Código Federal de Bem-Estar Animal. Até as 20h de ontem, o abaixo-assinado virtual apresentava 333.454 assinaturas.

De acordo com a assessoria de imprensa do deputado, o projeto de lei estabelece normas para as atividades de controle populacional e de zoonoses, experimentação científica e criação, atendendo ao padrão mundial que reprova os maus-tratos aos animais domésticos, àqueles usados em testes científicos e de produtos cosméticos e aos criados para consumo humano.

Segundo a proposta, os animais domésticos, os recolhidos pelo poder público e os mantidos em criadouros deverão ficar em ambiente que garanta cada fase de seu desenvolvimento. Os laboratórios que não usarem animais em testes poderão receber benefícios ou incentivos fiscais e exibir a expressão “produto não testado em animais” em suas embalagens (assim como as empresas que usarem deverão ter esta informação em seus rótulos); o uso de animais para fins científicos ou didáticos fica parcialmente proibido (com exceção de quando não houver outro meio para o tal); controle da população de cães e gatos com a implantação de programas de registro e identificação de animais, associados à esterilização e à adoção, entre outras abordagens de relevante importância.