Ibama

11/08/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am

Os agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) dizem ter apreendido 1.928 animais que estavam prontos para ser comercializados irregularmente durante os desdobramentos da Operação Arapongas, que visa a combater o tráfico ilegal de animais silvestres. Nesta quarta-feira (10), sete pessoas foram presas por suspeita de participar do esquema: um na capital paulista, dois no interior do estado, um na Paraíba, um em Minas Gerais e um casal no Paraná.

A operação foi feita em conjunto entre o Ibama e a Polícia Federal. Em coletiva realizada na sede da PF em São Paulo, Maria Luiza Souza, chefe de fiscalização do Ibama no Paraná, informou que a investigação começou em novembro de 2010 a partir de denúncias de que um site comercializava animais sem autorização desde 2007. No entanto, para induzir o cliente ao erro, eles informavam que os bichos estavam legalizados no Ibama. Havia espécies exóticas e algumas em extinção, como a arara azul, que era oferecida no site por R$ 55 mil, representando a compra mais cara.

De acordo com a polícia, o site foi criado pelo casal preso no Paraná, na cidade de Arapongas, que deu nome à operação. “O site não é legalizado no Ibama”, disse Maria Luiza. De acordo com ela, durante a investigação, foram identificados 19 criadouros no país que forneciam os animais para que o casal os vendesse. Desse total, há pelo menos duas ONGs que tinham autorização do instituto para criar espécies para fins de pesquisa e estava aproveitando a licença do Ibama para comercializar os bichos.

“Estavam trocando os microchips, induzindo o tráfico desses animais”, contou Maria Luiza. Os criadouros estão sendo agora investigados. Bruno Barbosa, coordenador-geral de fiscalização do Ibama, informou que essa licença será cancelada. “Se eles (donos do site) não conseguiam o animal com os criadouros, iam buscar na natureza.” Ele disse que é proibido vender felinos, por exemplo. No entanto, o site oferecia uma jaguatirica por R$ 13 mil.

Site perfeito – O delegado da Polícia Federal Rubens Lopes da Silva, chefe da operação no Paraná, contou que as investigações vão prosseguir. Por isso, os policiais e o Ibama estimam que a quadrilha tenha mais integrantes. Até esta quarta-feira, 46 clientes que usaram o site tinham sido identificados. “Os compradores não tinham má-fé. São pessoas que querem dar o animal de presente.” Questionado sobre a legalidade de adquirir animais proibidos, respondeu: “O limite da ingenuidade é comprar uma onça”.

Silva considerou o site “perfeito”. Até o fim da tarde desta quarta, ele ainda estava no ar e dava informações sobre os animais oferecidos, dizia que todos seriam entregues com nota fiscal e facilitava a compra com cartões de crédito em até 18 vezes sem juros. “Eles dizem, como fachada, que são protetores dos animais. Até o mês passado, tiveram mais ou menos 70 mil consultas. É um site perfeito”, afirmou o delegado.

Tanto ele como os fiscais do Ibama disseram que a primeira medida a ser tomada por uma pessoa interessada em comprar algum animal é procurar o instituto. Após o pagamento acertado, o animal era entregue, em sua maioria, no aeroporto onde o comprador morava. De acordo com Silva, os fiscais no terminal olhavam os documentos falsos sobre a origem dos bichos e a Guia de Transporte Animal (GTA), também com informações erradas, e não percebiam a fraude.

Assim, os animais embarcavam e desembarcavam sem problemas. De acordo com ele, a quadrilha lucrava com notas superfaturadas na hora da compra.