Hospital

24/05/2012 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

O Tatuapé, na zona leste de São Paulo, vai ganhar o primeiro hospital público para cães e gatos do Brasil. O projeto faz parte das ações da Coordenadoria Especial de Proteção a Animais Domésticos, criada hoje pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD).

O projeto, proposto pelo vereador Roberto Trípoli (PV), será formalizado na semana que vem,quando a Prefeitura assinará contrato com a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo (Anclivepa-SP). A entidade será responsável pela gestão do hospital.

"É uma ação inédita no País. Vamos quebrar paradigmas e espero que isso se estenda a outras cidades", afirma o conselheiro da Anclivepa-SP, Wilson Grassi Júnior. Além de oferecer tratamento a animais de famílias carentes, o hospital servirá como escola para alunos de cursos de especialização veterinária ministrados pela associação.

As instalações ficarão em um prédio que pertence à Anclivepa-SP, onde a associação já tinha planos de criar um hospital. "A Prefeitura nos procurou para que uníssemos nossos projetos. Assim, poderemos potencializar nossas ações", disse Júnior. Segundo ele, o hospital deve entrar em funcionamento 30 dias depois de assinado o contrato.

Para o presidente da Associa- ção Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal (Arca-Brasil), Marco Ciampi, a iniciativa tem uma importância social. "Hoje(ontem) foi dado um passo além na proteção aos animais. Teremos agora a possibilidade de oferecer tratamento Veterinário para camadas da população que não teriam acesso de outras maneiras", afirmou. O ativista acredita que o hospital poderá colaborar inclusive para que o número de animais abandonados na capital diminua. A Prefeitura calcula que a população total de cães e gatos em São Paulo seja de 3 milhões.

Zoonoses. Com a criação da Coordenadoria, o Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo(CCZ) não será mais o único local de atendimento, proteção e encaminhamento de animais. Marco Ciampi vê com bons olhos a perda de algumas funções do local. "As políticas de prevenção emanavam de um único centro, o que complicava a logística e centralizava a atuação. O CCZ ganha, pois deixa de ser um órgão que apaga incêndios." Apesar disso, o ativista ressalta que o número de centros ainda é insuficiente. Segundo ele, o ideal seria ter 12 locais do tipo.

Parte do orçamento destinado à coordenadoria, de R$10 milhões, será usado para a construção de um Centro de Adoção de Animais na sede do CCZ, em Santana, zona norte. Segundo Grassi Júnior, a verba destinada ao hospital neste ano será suficiente para comprar equipamentos e garantir o funcionamento do hospital por um ano.

Na assinatura do termo de compromisso ontem, o prefeito e o secretário municipal de Saúde, Januário Montone, afirmaram que a criação do hospital e do centro darão às políticas de proteção mais independência e agilidade.

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PONTOS-CHAVE

Carrocinha deixou de existir em 2008

Criação

Em 1973, o CCZ foi criado para controlar doenças transmitidas por animais, por meio do controle da população de cães, gatos e bichos de grande porte.

Estigma

Desde o início, o órgão recolhia animais pelas ruas em carrocinhas, o que estigmatizou o CCZ. Em 2008, uma lei estadual fez com que a prática fosse extinta.

Adoção

Hoje, o CCZ só pode recolher um animal a partir de denúncia de maus-tratos e perigo à população. Os cães e gatos são tratados e podem ser adotados.