exportação

23/09/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am

O Brasil perdeu, para os Estados Unidos, o posto de líder nas exportações de carne bovina. De janeiro a julho, os americanos exportaram 1,7% mais do que os frigoríficos instalados no país.

Nos primeiros sete meses de 2011, a pecuária norte-americana faturou US$ 3,06 bilhões, ante receita de US$ 3,01 bilhões obtida pelos brasileiros no mercado externo, segundo dados da Abiec (associação brasileira dos exportadores de carne bovina).

Em volume, a vantagem dos EUA é mais evidente. Eles exportaram 741,3 mil toneladas no período, número 18% superior às 627,6 mil toneladas embarcadas pelo Brasil.

Vários fatores explicam a mudança no topo do ranking.

Por aqui, o câmbio e o alto custo de produção –impulsionado pelo aumento da arroba do boi– contribuíram para que as empresas brasileiras perdessem mercado.

"Os grandes frigoríficos não têm muito estímulo para exportar. A rentabilidade não compensa", afirma José Vicente Ferraz, diretor técnico da Informa Economics FNP.

Já nos EUA, a carne bovina ficou mais barata como reflexo da crise econômica, pois não há espaço para aumentar os preços ao consumidor.

RENTABILIDADE

Com a rentabilidade prejudicada, os produtores começaram a abater matrizes (fêmeas), normalmente retidas para procriação. Com as vacas abatidas, aumentou a disponibilidade de carne bovina no país, o que tornou o produto para exportação mais competitivo.

Neste ano, a seca que atingiu muitas áreas de pecuária nos EUA também estimulou o abate de matrizes. Na média deste ano, as vacas já representam 19% do descarte total de animais nos EUA.

"Os EUA estão conseguindo acessar mercados que antes eram inviáveis para eles por conta de preço, como a Europa e até o Egito", diz Fernando Sampaio, diretor-executivo da Abiec.

Apesar de dar a volta por cima após a ocorrência de vaca louca em 2003 e desbancar o Brasil do topo Ðposição que o país ocupava desde 2004Ð, as perspectivas não são animadoras para a pecuária americana.