Estudo

20/07/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:09am

Pesquisadores da Unesp analisam contaminação de espécies.Informações vão contribuir no combate a endemias em determinados locais.

Estudo feito com animais silvestres que morreram por atropelamento na região centro-oeste do estado de São Paulo vai colaborar no mapeamento e combate a doenças que afetam o ser humano, como a toxoplasmose e a leishmaniose.

A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, vai detectar fungos e outros microorganismos que possam ter infectado os animais examinados, cruzando estas informações com ocorrências de enfermidades que atingiram a população.

Segundo Virgínia Richini Pereira, bióloga da Unesp e uma das responsáveis pelo estudo, ao menos 80 animais que foram atropelados nas estradas federais e estaduais que cortam os municípios de Botucatu, Bauru e Piracicaba foram examinados. São tamanduás, onças-pardas, tatus, entre outras espécies que não sobreviveram ao impacto com os veículos.

“Nós analisamos órgãos internos como pulmão, fígado, baço. São feitos vários exames para detectar se os agentes causadores de problemas de saúde estão nesses animais”, afirmou. “Já conseguimos detectar em Bauru, por exemplo, o parasita causador da leishmaniose. Em Botucatu, foi identificada a paracoccidiomicose, doença que causa lesões importantes nos órgãos humanos e atinge, principalmente, trabalhadores rurais”, disse a pesquisadora.

Com isso, poderão ser feitas ações combativas pelos órgãos de zoonoses para evitar uma proliferação das endemias em determinadas áreas. A previsão é que o mapeamento seja concluído em seis meses.

Atropelamento
O atropelamento de animais silvestres ainda afeta a biodiversidade brasileira e mata, diariamente, uma grande quantidade de exemplares de diversas espécies, entre elas as ameaçadas de extinção.

Na região do Pantanal, no Mato Grosso do Sul, por exemplo, somente em 2010 morreram 8 mil animais nas estradas, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama). “É um grave problema na questão da preservação. Muitas espécies que estão na lista vermelha são afetadas por conta disto”, afirmou Virgínia.