Espécies

24/08/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:06am

O mundo possui 8,7 milhões de espécies vivas – com 6,5 milhões delas vivendo na terra e 2,2 milhões na água – segundo um levantamento divulgado nesta terça-feira. A contagem exclui animais procariontes – que possuem células sem membrana para cercar o núcleo, local onde se encontra os cromossomos – como bactérias e vírus. Os dados do “censo” foram foram publicados na revista de livre acesso PLoS Biology.

Mas o número está longe de ser definitivo. Os mesmos cientistas que fizeram a contagem acreditam que ainda existem 91% espécies aquáticas e 86% terrestres a serem descobertas, descritas e catalogadas. Há também uma “margem de erro” na contagem atual: podem existir 1,3 milhão de espécies a mais ou a menos.

Os dados foram reunidos pela equipe do Censo da Vida Marinha, responsável por divulgar em 2010 um mapa da distribuição das espécies em 25 áreas do mundo. Coordenados por Camilo Mora, cientista da Universidade do Havaí, os censores afirmam ter o número mais preciso já obtido por taxonomistas

Importância – Até então, a estimativa das espécies conhecidas na Terra era baseada na opinião de cientistas, o que tornava o número total de espécies um mero chute, já que as estimativas variavam de 3 milhões até 100 milhões de seres vivos.

Para a equipe de Camilo Mora, a humanidade se esforça para preservar os animais, mas não faz ideia exatamente sobre quantas espécies existem. “Se nós não soubéssemos – mesmo a ordem de grandeza (1 milhão, 10 milhões, 100 milhões) – dos habitantes de uma nação, como iríamos planejar o futuro de um país?”, explica o cientista.

A incerteza se reflete até mesmo em trabalhos minuciosos como da União Internacional para a Conservação da Natureza, que fez um trabalho para conhecer as espécies conhecidas e listar as ameaçadas.

Conhecida como Lista Vermelha, a relação indica a existência de 59.508 espécies monitoradas, 19.625 delas em perigo de extinção. Isso significa que apenas 1% dos seres vivos conhecidos recebe algum tipo de controle de uma das principais instituições do ramo.

O nome e a classificação de uma espécie ainda segue o esquema definido pelo taxonomista sueco Carolus Linnaeus (Carlos Lineu em português) há 253 anos (1758). A taxonomia de Lineu – com dois nomes em latim para descrever a espécie, escritos em itálico – serviu para identificar, até agora, 1,25 milhão de espécie. Dessas, um milhão são terrestres e 250 mil são aquáticas.

Outras 700 mil espécies já teriam sido descobertas, mas a descrição e a classificação ainda não chegaram aos bancos de dados principais no mundo.

Para resolver o problema usando as técnicas atuais, seriam necessários 300 mil taxonomistas, trabalhando durante 1,2 mil anos e gastando um total de US$ 364 bilhões. Mas o desenvolvimento de técnicas de pesquisa com o DNA dos animais já começou a reduzir os custos para identificar os seres vivos.

Camilo Mora destaca que o conhecimento das espécies é vital para entender os processos ecológicos e evolutivos e tentar garantir a sobrevivência da diversidade das espécies. Ele destaca que muitos seres vivos nascem, vivem, geram descendentes, morrem e são extintos sem que os humanos sequer os conheçam.