Escândalo
17/01/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:24am
O escândalo da contaminação por dioxina ganhou mais um capítulo. Um fabricante de rações do estado da Baixa Saxônia está sendo acusado de ter ocultado informações das autoridades sobre a venda de rações possivelmente contaminadas com altos teores da substância, considerada cancerígena. Com isso, exatos 934 estabelecimentos agrícolas foram interditados pelo governo da Alemanha.
A ministra alemã da Agricultura e Defesa do Consumidor, Ilse Aigner, anunciou no dia 15 de janeiro de 2011 que as autoridades da Baixa Saxônia só hoje (15/01) informaram ao governo federal que uma fabricante de rações sediada naquele estado, suspeita de vender rações contaminadas, havia ocultado informações. Diante disso, foi determinada a interdição de mais 934 estabelecimentos agrícolas na Baixa Saxônia, além dos cerca de 400 que ainda se encontram interditados em toda a Alemanha.
FORNECEDORA SÓ COMUNICOU PARTE DAS INFORMAÇÕES
Um fabricante de rações animais da cidade de Damme havia recebido óleos da empresa Harles und Jentzsch, pivô do escândalo das rações contaminadas com dioxina. Entretanto, segundo o governo da Baixa Saxônia, a empresa só havia revelado às autoridades estaduais parte de sua lista de entregas, onde constam os endereços dos criadouros que receberam produto possivelmente contaminado.
As 934 fazendas afetadas só puderam, por isso, ser interditadas agora. O Ministério da Agricultura suspeita que, por isso, durante cerca de dez dias produtos contaminados, especialmente ovos, podem ter sido comercializados.
"ESCÂNDALO DENTRO DO ESCÂNDALO"
A ministra de Agricultura e Defesa do Consumidor, Ilse Aigner, classificou a notícia de um "escândalo dentro do escândalo" e pediu que haja "consequências" em função do ocorrido, como a demissão dos responsáveis pela falha dentro do governo da Baixa Saxônia.
As autoridades alemãs contabilizam que, entre outros, 110 criadouros de galinhas, 403 criadouros de porcos e 248 criadouros de leitões foram atingidos. Os estabelecimentos estão fechados desde o dia 14 de janeiro.
O fabricante de rações para animais sediado em Damme também teria vendido para agricultores em outros três estados alemães: Renânia do Norte-Vestfália, Brandemburgo e Baviera.
SUSPEITA DE NEGLIGÊNCIA GRAVE
O governo da Baixa Saxônia encaminhou o caso ao Ministério Público, porque suspeita ter havido dolo ou negligência grave. Devem ser investigados os motivos que levaram a empresa a fornecer a lista completa somente com atraso e "depois de maciça pressão das autoridades", segundo comunicou o governo do estado da Baixa Saxônia.
O escândalo da contaminação com dioxina veio à tona através da mistura de óleos para ração com óleos industriais, realizada pela empresa Harles und Jentzsch, produtora de óleos vegetais e animais, destinados tanto como ingredientes de rações para o setor agrário quanto para uso em equipamentos industriais.
As rações contaminadas com doses de dioxina acima do permitido por lei foram vendidas para diversos criadouros na Alemanha. Já houve confirmação laboratorial de altos teores da substância em porcos, aves e ovos de alguns criadouros alemães. Até agora, entretanto, as autoridades alemães insistem em negar que produtos com padrões de dioxina acima do permitido tenham chegado aos consumidores.