Erradicação abre mercados

31/03/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:56am

Proteger os animais contra doenças como a brucelose e a tuberculose também está no foco do produtor rural. Do sucesso da medida depende a abertura de mercados como da União Aduaneira, que reúne o da Rússia, Bielorússia e Cazaquistão, grandes importadores de leite, mas que não compram o alimento de países onde as doenças não foram erradicadas.

Entidades ligadas ao setor agropecuário defendem a reformulação do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT). "Esse programa não avança no país porque é voluntário e não obrigatório", diz Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo ele, deveria ser criado um fundo para ressarcir o produtor por animal sacrificado em virtude de uma das doenças. Programa semelhante existe no Rio Grande do Sul, com adesão de pelo menos 14 municípios. "Com a certificação sanitária, o Brasil pode atingir mercados como o russo, que é o segundo maior importador mundial de leite", defende Alvim.

Contra a brucelose, Minas Gerais é um dos estados que saiu na frente na vacinação de bezerras. Sérgio Luiz Monteiro, gerente de defesa sanitária do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), explica que a doença provoca o aborto no animal e muitas perdas econômicas, por isso existe o fomento da vacinação em fêmeas de três a oito meses de vida. Também há o trabalho com veterinários credenciados, que identificam a doença. Segundo o IMA, das 340 mil propriedades rurais registradas no estado, apenas 60, ou 0,01% do total, são certificadas como livres da brucelose ou tuberculose.

Mesmo o percentual de certificação sendo ainda inexpressivo, os índices são positivos. Trabalho que será divulgado em breve pelo IMA mostra que a prevalência da brucelose hoje atinge 3% das propriedades. Em 2000, esse percentual era de 6,4%. Já nos animais, a doença atinge 0,6% do Rebanho. Em 2000, a prevalência nos animais era de 1,6%.

Os números da tuberculose ainda estão sendo fechados. A esperança é que as taxas sejam menores que as observadas em 1999, quando a doença atingia 5% das propriedades rurais e 0,85% dos animais.

SACRIFÍCIO

Procurado pela reportagem, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ressalta que não tem a intenção de tornar a certificação de propriedades obrigatória no país. O ministério reforça que todos os animais diagnosticados positivos, tanto para brucelose quanto para tuberculose, são obrigatoriamente sacrificados, como forma de evitar a disseminação das doenças. Para o sacrifício executado por causa do diagnóstico de tuberculose, está prevista a indenização em um quarto do valor de avaliação dos animais.

Já para a brucelose não está prevista indenização. O Mapa informa que estimula a criação de fundos de indenização estaduais para amparar o controle dessas doenças. Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Distrito Federal já contam com fundos de indenização para brucelose e tuberculose, e o Paraná apenas para tuberculose.

 

Preços firmes no horizonte

 

Minas Gerais atingiu o posto de maior exportador de carne bovina e este ano a demanda do mercado internacional, associada à seca que castiga diversas regiões do estado e do país, sinaliza preços melhores pagos pela arroba do boi ao produtor. No Norte de Minas, a arroba está sendo comercializada a R$ 100,50 e no Triângulo Mineiro atinge R$ 117. Para dezembro, apesar do período de safra, o mercado futuro aponta para a manuteção do cenário.

João Gustavo de Paula, presidente da Associação dos Criadores de Gado de Corte do Norte de Minas, lembra que no ano passado, nessa mesma época do ano, a arroba do boi na região era comercializada próximo a R$ 90. "Enfrentamos uma seca forte no estado, o que aumenta os custos com a alimentação do Rebanho. Apesar da influência do clima, não deve faltar produto no mercado, mas os preços devem continuar atrativos para o produtor, que teve nos últimos anos forte reajuste dos custos."

José Alberto de Ávila Pires, coordenador de pecuária de corte da Empresa de Assistência Técnica e extensão rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), diz que a escassez de chuva faz crescer a prática do confinamento no estado, sensível aos preços do milho. Ávila conta que em março a saca de 60 quilos do grão chegou a ser comercializada por R$ 30, quando há um ano custava entre R$ 23 e R$ 25. "Tudo vai depender também da colheita da safrinha de milho, que começou a ser plantada em fevereiro e março, e em algumas regiões, como o Mato Grosso, desde janeiro." Segundo ele, se o resultado da safrinha for satisfatório, pode segurar o encarecimento do produto, aliviando os custos para a pecuária. (MC)