Economia
16/06/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:26am
Os primeiros lotes de carne bovina rastreada chegam hoje às prateleiras de alguns supermercados do País. O produto, lançado pelo Grupo Pão de Açúcar, contará com um selo 2D, pelo qual o consumidor poderá acompanhar o processo da cadeia produtiva da carne – do nascimento e engorda até o abate e a desossa dos animais.
Com investimentos de R$ 500 mil, o projeto de rastreabilidade teve início há três anos e abrange atualmente 40 fazendas. A carne rastreada é exclusiva para a linha Taeq, a marca própria do grupo.
Em entrevista ao Valor, Vagner Giomo, gerente de carnes do Pão de Açúcar, disse que o programa é bom para as três partes envolvidas – o produtor, o consumidor e a rede varejista. "O produtor tem garantia de compra, o varejista garantia de entrega e o consumidor ganha com a transparência", afirmou o executivo.
A etiqueta com código alfanumérico estará nas embalagens de terneiro (bezerro) e novilho, carnes macias e com menor quantidade de gordura. As informações funcionam a partir de um aplicativo para smartphones com leitor 2D ou pela internet, com a inserção do código do produto.
Neste primeiro momento, disse Giomo, o consumidor poderá acessar as informações básicas de procedência da carne – é possível visualizar até a propriedade rural de onde o animal saiu. Mas a ideia é avançar com as informações, incluindo dados como Reserva Legal da fazenda e água.
Segundo o executivo, a iniciativa é parte da política de sustentabilidade do grupo. Ele acrescentou, porém, que a pressão do mercado influenciou. "O consumidor vai saber de onde vem a carne que ele está comendo".
A pressão existe. Após uma ação do Ministério Público Federal do Pará e acusações do Greenpeace, os grandes varejistas concordaram a não comprar produtos oriundos de zonas desmatadas na Amazônia – o projeto de rastreabilidade do Pão de Açúcar extrapola para outros biomas.
Para o produtor Marcelo Pimenta, proprietário da Fazenda Santa Vitória, localizada em Bela Vista de Goiás, no Cerrado, a experiência é boa para o ambiente e para o seu bolso. Ele tem 750 vacas inseminadas, cujos bezerros e novilhos serão fornecidos com exclusividade ao grupo. Pelo contrato, ele receberá do frigorífero o preço máximo do dia cotado pela Esalq – na segunda, isso significou R$ 78 por arroba.
"A garantia de venda pelo preço máximo fez o negócio crescer. Comecei entregando 100 cabeças ao Pão de Açúcar em 2006, e terei 900 na próxima estação".
Assim como os demais pecuaristas que aderiram ao programa, Pimenta diz ter a totalidade da Reserva Legal, exigida por lei, averbada em cartório.
Ao todo, o programa tem 40 mil vacas inseminadas para produção. A carne Taeq tem toda cadeia produtiva controlada – do processo de seleção genética, alimentação, vacinação até o abate.
A linha busca o mercado de ponta e não chega a 5% do volume total de carne bovina comercializado pelo grupo. O selo está disponível em oito lojas em São Paulo, Rio, Fortaleza e Brasília.