DNA

29/10/2010 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:24am

O ritmo vertiginoso com que os computadores ficam mais rápidos chegou ao mundo do sequenciamento (leitura) de DNA. No ano passado, havia menos de dez genomas humanos decifrados. Quando 2011 terminar, serão mais de 30 mil – por baixo.

A estimativa, considerada conservadora, foi feita pela revista científica “Nature” após ouvir mais de 90 centros de pesquisa genômica mundo afora. Só até o fim deste mês, a conta deve chegar a 2.700 genomas.

“O preço está cada vez mais baixo, de fato. Com US$ 5.000, US$ 4.000 você já consegue sequenciar um genoma. Daqui a pouco vai custar quinhentão”, brinca Sandro José de Souza, biólogo do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (SP) especializado em estudos genômicos.

Um artigo científico na “Nature” desta semana serve como um aperitivo do que está por vir. Um consórcio internacional, o Projeto 1.000 Genomas, coordenado por David Altshuler, do Hospital Geral de Massachusetts (EUA), publica dados do genoma de 179 indivíduos dos cinco continentes.

A batelada de pessoas incluídas na pesquisa tem uma justificativa simples: achar variantes raras de DNA. A questão é que, embora pareça haver um componente genético forte em problemas comuns, como diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares, é quase impossível achar genes associados a esse tipo de doença.

Os pesquisadores apostam que isso se deve ao fato de que o risco genético de tais doenças vem de uma miríade de mutações raras, cuja ação se soma e acaba desembocando na tendência hereditária a dado problema.

“Essa, ao menos, é a explicação mais popular para os resultados fracos dos estudos genômicos até agora”, escreve Rasmus Nielsen, da Universidade da Califórnia em Berkeley, em comentário à nova pesquisa na “Nature”.

O consórcio internacional parece ter dado um passo importante para colocar a ideia à prova: eles identificaram 8 milhões de trocas de uma única “letra” química de DNA, até então desconhecidas, bem como 1 milhão de pequenas adições ou inserções de “letras” no genoma.

Ainda não há leituras de genomas inteiros de indivíduos brasileiros, embora já tenha sido sequenciado o DNA de um tipo de tumor.

“O problema ainda é integrar tudo isso com outras informações, envolvendo só os genes que estão ativos, ou o metabolismo do indivíduo, para responder perguntas específicas. O grande gargalo está aí”, diz Sandro de Souza.