Dias quentes, cuidados especiais

30/01/2014 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:00am

Vida tem nove meses e está sentindo no pelo os efeitos do primeiro verão em Porto Alegre. Parecia satisfeita com o ventinho gostoso do secador, ligado na menor temperatura, depois de um banho refrescante. Mal sabia que parte de sua pelugem ficaria sobre a maca da pet shop.

Baixar o pelo da cadelinha da raça spitz alemão foi uma das providências tomadas pela estudante Sandra Basso de Lima, 30 anos, para dar um pouco mais de conforto à mascote.

– Ela andava muito inquieta, só queria ficar no ar-condicionado – conta Sandra, que já tinha recorrido a tapete térmico para o sono de Vida e sapatinhos protetores de patas para os passeios ao ar livre.

De acordo com Marione Pinheiro, presidente da Associação das Empresas do Setor Varejista de Produtos e Serviços para Animais de Companhia do Estado do Rio Grande do Sul (Gespet), a procura por banho e tosa nas pet shops da Capital cresce 50% entre dezembro e março.

A medida é recomendada por veterinários, principalmente para animais braquicéfalos, que são raças com focinho achatado, como os cães boxer, buldogue, shitzu, entre outros, e gatos do tipo persa.

– Cães e gatos não transpiram como nós, eles fazem a troca térmica pela respiração. É por isso que ficam mais ofegantes nos dias quentes. Os animais braquicéfalos têm mais dificuldade de respirar no calor excessivo – explica a veterinária Ceres Faraco, presidente da Associação Médico-Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal.

Ceres destaca ainda que a tosa também ajuda a controlar parasitas, como pulgas e carrapatos, que proliferam com mais facilidade no calor e se espalham através do pelo. Com a pelugem comprida, o cuidado com a higiene do animal deve ser redobrado: os pelos devem estar sempre penteados, sem nós, limpos e secos.

A higiene é a principal razão para a empresária do ramo de eventos Andrea Trajano, 29 anos, manter o pelo da lhasa apso Laika, 11 anos, sempre aparado.

– Ela fuça muito na terra, com o pelo curto, fica melhor para limpar, e ela fica mais à vontade – resume.

Enquanto as cadelinhas sacolejavam pela pet shop entre uma etapa e outra da tosa, o gato persa Agostinho esperava sua vez com a preguiça característica de um felino, deitado sobre a maca, ao sabor do vento soprado pelo ventilador. Todo refresco é bem-vindo.

 

Dia de janeiro mais quente desde 2006

Com máxima de 38,2ºC, Porto Alegre registrou ontem a maior temperatura em janeiro desde 2006, quando a marca na Capital foi de 37,7ºC. Janeiro de 2014 está 2,5ºC mais quente do que a média histórica do mês, que é de 30ºC. A previsão é de que esse calor se mantenha até o começo de fevereiro.

tais.seibt@zerohora.com.br

TAÍS SEIBT

PARA TIRAR DÚVIDAS

A veterinária Ceres Faraco e a presidente da Gespet, Marione Pinheiro, dão dicas para manter o bem-estar de cães e gatos durante o verão

1 Cães e gatos precisam usar protetor solar?

É recomendado que os animais com pelo claro e, principalmente, os albinos, que têm a pele rosada sob o pelo, usem protetor solar. Esses animais podem desenvolver câncer nas partes do corpo não cobertas pela pelugem, como o focinho e as orelhas. Porém, o filtro solar deve ser apropriado para uso canino ou felino, encontrado em pet shops e farmácias de manipulação.

2 O asfalto quente pode causar queimaduras nas patas?

Pode. As almofadas plantares (parte de baixo das patas, que fica em contato com o solo) são sensíveis ao calor, por isso, o piso excessivamente aquecido pelo sol pode causar queimaduras. O indicado é que os passeios ocorram antes das 9h e depois das 18h, quando a insolação ainda não é tão intensa. Sapatinhos também podem ser usados para proteger as patas dos bichos.

3 Ar-condicionado e ventilador fazem mal para o bicho?

Pelo contrário, é importante manter o ambiente climatizado para o animal não sofrer tanto com o calor. Além de ventilador e ar-condicionado, tapetes térmicos são opções para oferecer ao pet uma superfície fresca. Panos umedecidos também servem para amenizar o calor.

4 Animais podem morrer de calor?

Podem. Principalmente os de raças de focinho achatado, devido à maior dificuldade de respiração e, consequentemente, de resfriamento do corpo. É importante que os bichinhos tenham água sempre à disposição. O mercado pet oferece opções desde fontes até sensores para torneiras de jardim, que liberam gotas d'água quando o animal lambe a ponta do cano.

5 A ração pode ficar contaminada por causa do calor?

Sim, embora não exatamente por causa do calor. Ocorre que a presença de roedores e baratas é maior no verão. Em contato com a ração do seu pet, esses bichos podem depositar vetores que transmitem doenças como Leptospirose, Leishmaniose e outras. É importante não deixar a comida exposta ao ambiente externo. Manter as vacinas e a vermifugação em dia também é essencial.