descoberta

21/03/2011 – Atualizado em 31/10/2022 – 9:20am

Com método inovador, cientistas criam microscópio mais potente do mundo

As contas reúnem e refocam as ondas que normalmente se perdem
Cientistas britânicos conseguiram fazer com que um microscópio ótico conseguisse enxergar objetos de cerca de 50 nanômetros (bilionésimos de metro), oferecendo um olhar inédito sobre o mundo "nanoscópico".

A técnica, que alcança a maior resolução de que se tem notícia, poderia ser utilizada para observar vírus, diz a equipe de pesquisadores.

Com a ajuda de minúsculas contas de vidro, o procedimento faz uso das chamadas ondas infinitesimais, emitidas muito próximas de um objeto e que normalmente se perdem.

Os cientistas fazem com que as contas de vidro recuperem esta luz e refaçam o foco, canalizando-a para um microscópio comum.

O método permitiu aos pesquisadores ver com os próprios olhos níveis de detalhes normalmente só identificados por observação indireta, como a microscopia através da força atômica e varreduras com emissão de elétrons.

Os detalhes foram publicados na revista acadêmica Nature Communications.

Descoberta

Utilizar a luz visível – o tipo de luz captada pelo olho humano – para observar objetos dessa escala é, de certa maneira, romper as regras da teoria da luz.

Normalmente, os menores objetos visíveis são definidos por um parâmetro conhecido como limite da difração.

Ondas leves natural e inevitavelmente se dispersam de tal maneira a limitar ao alcance do seu foco, ou o tamanho do objeto que pode ser capturado.

As ondas infinitesimais que são produzidas na superfície dos objetos tendem a se enfraquecer com a distância – mas elas não estão sujeitas ao limite da difração.

Se capturadas, as ondas infinitesimais oferecem uma resolução muito mais alta que a obtida por métodos padrões de captação de imagens, explica o pesquisador do Centro de Pesquisa de Processamento a Laser da Universidade de Manchester, Lin Li.

Observação

Para observar os objetos, a equipe colocou contas de vidro entre dois e nove milionésimos de metro na superfície das amostras.

Técnica permite observar objetos em escala só alcançada por meio indireto
As contas coletam a luz transmitida através das amostras, captando as ondas infinitesimais e focando-as de maneira a serem observadas por um microscópio comum.

A equipe conseguiu observar objetos minúsculos, como marcas em escala nanométrica em discos de Blu-Ray.

Mas o professor Li acredita que a técnica possa ser utilizada em estudos biológicos mais ambiciosos, nos quais ações em nanoescala são difíceis de observar diretamente.

"A área onde acreditamos haver interesse é a observação de células, bactérias e até vírus", afirma Li.

Métodos indiretos de observação conseguiram enxergar objetos a uma resolução de um nanômetro, e até os traços de uma única molécula. Mas nenhum deles é tão simples quanto a observação direta através do microscópio.

"Usar a tecnologia corrente requer muito tempo. Por exemplo, usar microscopia ótica fluorescente requer dois dias para preparar a amostra e a taxa de sucesso dessa preparação é de 10 a 20%", exemplifica o pesquisador.

"Isto ilustra o ganho potencial de introduzir métodos de observação direta."